Tarifaço de Trump atinge exportações do mel piauiense
Cerca de 15% das exportações brasileiras vão para os Estados UnidosA cobrança de uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros que são exportados para os norte-americanos já começa a gerar impactos na cadeia produtiva do mel do Piauí.
A medida anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump passa a valer a partir do dia primeiro de agosto.
O economista João Victor Souza acredita que a decisão foi baseada em um contexto político e não necessariamente econômico.
“Ele tem estabelecido tarifas como medidas punitivas constrangedores para outros países como o México, Canadá, África do Sul desde antes dessa iniciativa com o Brasil. O presidente americano tenta reestabelecer um favorecimento econômico para seu país, só que os dados demonstram que o Brasil tem um déficit estrutural com os Estados Unidos, então esse argumento não é válido. É mais um interesse da fazer o Brasil e outros países de se alinharem aos interesses americanos”, disse o economista.

Cerca de 15% das exportações brasileiras vão para os Estados Unidos. A expectativa é de alta de preços em produtos como o leite, carne e até aviões.
“Em um primeiro momento nós esperamos que haja uma redução das exportações desses produtos. Mas nada que seja grave, o Brasil consegue vender esses produtos para outros países. O principal setor que talvez seja afetado nesse momento talvez seja a Embraer, de alta tecnologia, que vai perder um pouco de espaço nos Estados Unidos”, analisou o economista João Victor Souza.
Um outro segmento que já está sendo afetado é a cadeia produtiva do mel. Segundo a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro, desde o anúncio da tarifa, os produtores temem uma queda nas exportações e aumento nos custos logísticos. O cenário é de incertezas.
“Embarcamos com muita dificuldade 95 toneladas de mel para os Estados Unidos. Não sabemos como será daqui para frente”, disse Sitônio Dantas, Diretor Geral da Casa Apis.
A Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), informou que está tentando negociar com os clientes norte-americanos para manter, ao menos, o embarque dos contêineres que já estão prontos no porto. Caso contrário, os prejuízos serão grandes. A Federações das Indústrias do Piauí já se pronunciou sobre a situação.
"O Piauí é o 22º estado em exportações para os EUA. Mesmo assim, tem uma relação muito forte. Em torno de 85% da nossa exportação de mel vai para o mercado americano", aponta o gestor corporativo da Área Internacional e Mercado das Federações das Indústrias do Piauí (Fiepi), Islano Marques, preocupado com o futuro.