Mel produzido em Simplício Mendes é exportado para o Japão pela primeira vez
Projeto iniciado por missionários católicos nos anos 90 hoje beneficia até mil pessoas na regiãoA Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes (COMAPI) comemora um novo marco em sua trajetória: a exportação de mel para o Japão. A conquista foi destacada por Janete Dias, gerente da cooperativa, durante entrevista ao Conecta Piauí. Segundo ela, a iniciativa representa uma importante expansão de mercado para o mel orgânico e certificado produzido na região, cuja trajetória começou ainda nos anos 1990.

“O processo de produção do mel surgiu em meados dos anos 90, por meio de um bispo alemão, Dom Edilberto. Depois, com a entrada do padre Gereon, muito conhecido na região, o projeto cresceu. Foram distribuídas caixas para as famílias produzirem mel, inicialmente com o intuito de alimentação”, explicou Janete.
Com o tempo, percebeu-se que o mel não era consumido em grande escala pelas famílias, o que motivou o início da comercialização do excedente. O projeto evoluiu, tornou-se associação e, em 2002, realizou a primeira exportação para a Itália.

Com atuação em Simplício Mendes e mais oito municípios, a COMAPI hoje conta com 292 cooperados diretos, que representam núcleos familiares maiores.
“Na região é comum o filho, a nora, o genro, o cunhado se agregarem ao trabalho. Às vezes um único cooperado representa a produção de três ou quatro pessoas. Estimamos que entre 800 e 1.000 pessoas estejam envolvidas com a cooperativa”, disse Janete.

A exportação para o Japão, realizada em 2025, foi intermediada por parceiros paulistas e representa uma nova etapa para a cooperativa, que vinha exportando principalmente para os Estados Unidos nos últimos três anos.
“Foi uma experiência muito boa. É um mercado difícil de acessar, e estamos com a expectativa de que seja a primeira de muitas exportações para lá”, celebrou.

Para Cacá Vieira, que atua na cooperativa há mais de 20 anos, a exportação para o Japão simboliza uma vitória pessoal e coletiva.
“Foi um sentimento muito bom, de vitória mesmo. A gente, nesse fim de mundo, conseguir levar nosso produto para um lugar tão distante, a gente nunca esperava alcançar isso”, disse.

Segundo ela, além de garantir sustento, o trabalho com a apicultura também permitiu crescimento pessoal e ajudou a transformar a realidade de muitas famílias na região.