O caso é quase uma comédia de erros — mas que custa caro. O município piauiense está sendo confundido com sua xará mato-grossense. Resultado: processos que deveriam atingir Várzea Grande/MT acabaram caindo, por engano, no colo de Várzea Grande/PI. E não é pouca coisa: só entre julho e agosto, pelo menos quatro bloqueios indevidos sugaram R$ 38.165,09 das contas públicas piauienses. Dinheiro que deveria estar pagando saúde, educação e infraestrutura… E que, na prática, foi sequestrado por um erro de digitação.

Montagem: Conecta Piauí e VG Notícias

Prefeitura de Várzea Grande, no Piauí, e Várzea Grande, no Mato Grosso

O prefeito Robert Eudes Nunes de Sousa Segundo (PDT) já protocolou denúncia relatando a confusão. Segundo a petição, o problema está no sistema do tribunal, que teria vinculado os processos ao CNPJ errado: o de número 06.554.950/0001-44, que pertence à Várzea Grande do Piauí. “Nosso município não tem qualquer relação com esses processos”, argumenta o gestor, que anexa certidões e comprovantes para provar que está pagando a conta que não é sua.

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E o detalhe mais curioso: a prefeitura tentou resolver a confusão diretamente com o TJMT, protocolou ofício, explicou o equívoco… mas nada feito. Foi preciso acionar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pedindo uma liminar para suspender os bloqueios e obrigar o tribunal a corrigir o cadastro de vez. A defesa pede, inclusive, que o sistema passe a validar não apenas o nome da cidade, mas também o CNPJ e a Unidade da Federação, para que nunca mais aconteça de um piauiense bancar os problemas de um mato-grossense.

No fim, o episódio mostra que até a Justiça pode se perder no mapa. Várzea Grande do Piauí, que já enfrenta os desafios típicos de qualquer município pequeno, agora precisa também se proteger dos erros de geografia digital da Justiça brasileira.

A lição? Nome igual não significa dívida igual. E, da próxima vez, talvez valha a pena o tribunal usar o bom e velho recurso que nunca falha: conferir o endereço completo antes de mandar a cobrança.