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Maior assalto a banco do Brasil completa 20 anos; piauiense foi peça-chave

Como o dinheiro já tinha passado pelas mãos da população, era quase impossível rastrear
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Era pra ser só mais uma manhã de segunda-feira, mas o dia 8 de agosto de 2005 entrou pra história como o começo de uma trama digna de cinema. Funcionários do Banco Central em Fortaleza, no Ceará, chegaram pra trabalhar e deram de cara com o cofre completamente vazio. Mais de R$ 164 milhões em espécie tinham desaparecido sem deixar rastro.

O crime tinha acontecido dois dias antes, na madrugada entre 5 e 6 de agosto. A quadrilha cavou um túnel de 78 metros, começando de dentro de uma casa alugada bem pertinho do banco, atravessando ruas, calçadas e até a estrutura de outros imóveis. E foi tudo planejado com frieza e perfeição: os bandidos montaram uma empresa de fachada, que dizia vender grama sintética, pra justificar a movimentação no imóvel e esconder o trabalho pesado da escavação. Tudo era feito com ventilação, iluminação e até sistema de trilhos pra retirar a terra. O túnel ia direto até o cofre, que estava carregado com mais de três toneladas em notas de R$ 50 que já tinham circulado e estavam no banco para serem avaliadas e substituídas.

Foto: ReproduçãoMaior assalto a banco do Brasil completa 20 anos; piauiense foi peça-chave
Maior assalto a banco do Brasil completa 20 anos; piauiense foi peça-chave

Como o dinheiro já tinha passado pelas mãos da população, era quase impossível rastrear. E foi por isso que, mesmo com anos de investigação, só cerca de 35% do valor roubado foi recuperado.

A polícia montou uma megaoperação pra tentar entender o que tinha acontecido. E é aí que entra um nome que o Piauí nunca vai esquecer: Nicodemos Fabrício, um policial federal piauiense, foi um dos primeiros a levantar suspeitas sobre a tal empresa de grama sintética e ligar os pontos com o túnel que levou ao cofre. Foi graças à atenção e ao faro investigativo dele que o caso começou a ser desvendado.

A partir daí, começou uma corrida contra o tempo. Mais de 30 pessoas foram identificadas como parte da quadrilha. Algumas fugiram para outros estados, e alguns dos principais envolvidos acabaram sendo presos no Piauí, como na cidade de Parnaíba, onde estavam escondidos tentando escapar da justiça. Outros foram localizados em diferentes partes do Brasil e até fora do país. Alguns morreram em confronto com a polícia, em operações realizadas nos anos seguintes.

O assalto ao Banco Central foi considerado, na época, o maior do Brasil e um dos maiores do mundo em valores roubados. O caso gerou livros, documentários, filmes e até séries – e continua até hoje cercado de mistérios. Onde foi parar o dinheiro que nunca apareceu? Quantos membros da quadrilha ainda estão soltos? Quem ajudou por dentro?

Apesar dessas perguntas sem resposta, uma coisa é certa: o trabalho da Polícia Federal foi fundamental, e o nome do piauiense Nicodemos está gravado como um dos grandes responsáveis por desvendar esse quebra-cabeça.

Vinte anos depois, o crime ainda é lembrado por sua ousadia, inteligência e frieza. Mas também é lembrado pela resposta firme da investigação – e pelo papel decisivo que o Piauí teve, tanto na descoberta, quanto nas prisões dos envolvidos.

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