O Piauí tem na polinização um dos pilares silenciosos e fundamentais de sua agricultura. Dados mais recentes do IBGE mostram que, em 2023, cerca de 37,5% do valor da produção das lavouras permanentes no estado teve contribuição direta dos polinizadores – abelhas, borboletas, besouros e outros animais responsáveis pela reprodução de diversas plantas cultivadas. Nas lavouras temporárias, a participação foi de 13,8%.

Esses números ajudam a entender a importância dos polinizadores na economia agrícola do estado. O “Indicador de Contribuição dos Polinizadores no Valor da Produção” mede justamente isso: quanto do que se colhe e vende depende da ação desses agentes naturais. Quanto maior o índice, maior a dependência das culturas em relação à polinização animal.

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A média do Brasil em 2023 foi de 38,7% para lavouras permanentes e 12,0% para lavouras temporárias. O extrativismo, que inclui a coleta de frutas nativas e outros produtos da natureza, atingiu uma dependência de 47,2%. Em comparação com 1996, o salto foi significativo, especialmente no extrativismo, que naquela época apresentava apenas 21,8% de dependência dos polinizadores.

No caso do Piauí, onde lavouras permanentes como cajueiro, manga e acerola fazem parte do dia a dia de milhares de agricultores, os polinizadores têm papel essencial para garantir produtividade e renda. Já nas lavouras temporárias, como milho e feijão, a dependência é menor, mas ainda assim relevante.

Apesar disso, a presença dos polinizadores está sob ameaça. O desmatamento, o uso excessivo de pesticidas, as mudanças climáticas e até a presença de espécies invasoras colocam em risco esse serviço ambiental gratuito e vital para a segurança alimentar e a economia rural.

“Superar esses desafios exige investimentos em pesquisa e estratégias que garantam a continuidade desse serviço”, destaca o relatório. A meta é proteger e promover a biodiversidade que sustenta o campo – não só no Piauí, mas em todo o Brasil.

Com uma produção agrícola cada vez mais dependente da natureza, entender e preservar os polinizadores é também uma forma de garantir o futuro da agricultura.