A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) cassou em definitivo, nesta terça-feira (24/06), o Certificado de Operador Aéreo (COA) da Voepass Linhas Aéreas. A decisão impede a companhia de realizar o transporte aéreo de passageiros e ocorre dez meses após a queda de uma aeronave da empresa em Vinhedo (SP), que deixou 62 mortos, entre eles o piloto, cuja família é natural de Esperantina, no Norte do Piauí.

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A tragédia, considerada o maior desastre aéreo no Brasil em 17 anos, ocorreu em 9 de agosto de 2024. Além do piloto piauiense, 58 passageiros e três tripulantes também perderam a vida. Desde então, a Anac instaurou uma fiscalização rigorosa na empresa, conhecida como “operação assistida”, que revelou falhas graves em manutenções e na supervisão de segurança da companhia.

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A decisão da Anac foi unânime. Segundo o relator do processo, Luiz Ricardo Nascimento, a Voepass deixou de realizar 20 inspeções obrigatórias em sete aeronaves, o que resultou em 2.687 voos operados de forma irregular. “A estrutura da empresa deixou de oferecer garantias de que eventuais falhas seriam tratadas antes de comprometer a segurança das operações”, afirmou a agência.

A Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 2283 divulgou uma nota em que expressa alívio e indignação com a cassação. “Tarde demais para os nossos. Nossa luta continua, por eles, por nós e por toda a sociedade para que tragédias, como essa, sejam evitadas”, diz o comunicado, que também menciona o nome do comandante Humberto como símbolo da dor e da resistência das famílias.

A Voepass, que estava com os voos suspensos desde março, não se pronunciou oficialmente até a última atualização. Na reunião da Anac, o advogado da companhia afirmou que a cassação do COA representa uma “pena perpétua”.

Com sede em Ribeirão Preto (SP), a Voepass atendia 16 destinos nacionais. A Latam, que mantinha acordo de codeshare com a companhia, informou ter reacomodado ou reembolsado 85% dos passageiros afetados pela paralisação.