Mais de 300 vítimas e prejuízo milionário: delegado detalha o 'Golpe do Chico'
O investigado Francisco das Chagas prestou depoimento por vídeo e alegou ameaças de vítimasO delegado Luciano Alcântara, da Polícia Civil do Piauí, detalhou nesta segunda-feira (14/07) os desdobramentos da investigação contra Francisco das Chagas Chaves da Silva, conhecido como Chico, empresário e proprietário da empresa Xtreme Trader. Em entrevista ao Conecta Piauí, o delegado confirmou que o caso pode envolver mais de 300 vítimas e prejuízos que somam milhões de reais. Ele também afirmou que nenhuma medida cautelar, como prisão preventiva ou bloqueio de bens, está descartada.

“A princípio, estamos apurando um crime de estelionato qualificado, já que os valores foram arrecadados com a promessa de investimentos na Bolsa de Valores, e também uma possível associação criminosa, porque há indícios da participação de mais de três pessoas nesse esquema”, explicou Alcântara. As investigações apontam que Chico captava recursos de terceiros prometendo lucros elevados por meio de operações financeiras. No entanto, em 2025, ele teria interrompido os pagamentos e deixado de devolver os valores investidos.
O delegado confirmou que o empresário, alvo de grande repercussão nas redes sociais e conhecido por organizar festas como o "Pagode do Chico", se apresentou por meio de seus advogados. Francisco prestou esclarecimentos por videoconferência, alegando que foi ameaçado por investidores que registraram boletins de ocorrência. “Ele não compareceu presencialmente por temer por sua integridade física e a de sua família. Alegou estar sofrendo ameaças incisivas, inclusive de morte”, relatou.
Até o momento, cerca de 30 vítimas foram ouvidas formalmente pela polícia, mas o número pode ultrapassar 300, segundo os registros já feitos. Os valores aplicados individualmente variam entre R$ 200 mil e R$ 500 mil, o que leva os investigadores a estimarem prejuízos milionários. “Somando os relatos, os danos podem ultrapassar facilmente a casa dos milhões”, afirmou o delegado.

Luciano Alcântara também confirmou que há vítimas no Maranhão, além do Piauí, e que as oitivas estão sendo conduzidas em conjunto com a Polícia Civil daquele estado. “É uma investigação complexa, com grande volume de pessoas e valores envolvidos. Por isso, trabalhamos com a possibilidade de pedir a prorrogação do prazo do inquérito”, declarou. O prazo inicial é de 30 dias, mas pode ser estendido conforme previsto em lei.
Sobre a possibilidade de novas medidas contra o empresário, Alcântara foi direto: “Nenhuma das medidas cautelares está descartada. Se houver necessidade, poderemos pedir prisões, bloqueios ou outras ações ao Judiciário. Tudo será avaliado no momento oportuno.”
O delegado também orientou que pessoas que acreditam ter sido lesadas pelo esquema façam o registro de boletim de ocorrência. “É importante que essas vítimas se apresentem, informem seus dados e deixem um contato para que possamos ouvi-las formalmente e garantir o devido acompanhamento.”
Apesar de já ter se manifestado, o empresário poderá ser chamado novamente para prestar novos esclarecimentos. Ao final do inquérito, caso os crimes sejam confirmados, o Ministério Público poderá oferecer denúncia e, em caso de condenação, Chico deverá responder judicialmente. “Esse é apenas o início da investigação. Ao final, se ficar comprovado que houve crime, ele terá que se apresentar para responder perante a Justiça Piauiense”, finalizou o delegado.
Assista a entrevista completa: