Dossiê e calúnia: entenda como advogados teriam coagido magistrados no Piauí
Advogados foram alvos de ação da polícia após denúncia das vítimasA Polícia Civil do Piauí cumpriu mandados de busca e apreensão em residências e escritórios de dois advogados investigados por crimes contra magistrados em Teresina. A operação foi conduzida pela Diretoria de Operações Policiais (DEOP) e teve como foco supostas denúncias falsas e dossiês fraudulentos apresentados com o objetivo de constranger juízes e desembargadores.
Segundo o delegado Tales Gomes, responsável pela investigação, os advogados são suspeitos de denunciação caluniosa, calúnia majorada contra servidor público e coação no curso do processo.

“Consta que determinado advogado fez uma denúncia no Conselho Nacional de Justiça, relatando situações contra magistrados aqui do Piauí. Esse mesmo advogado, em uma vara judicial, diante de juízes e servidores, fez afirmações caluniosas contra alguns magistrados. Posteriormente, ele voltou atrás e fez retratação no CNJ, negando o que havia afirmado antes”, explicou o delegado.

O caso ganhou ainda mais gravidade após outro episódio envolvendo um desembargador. De acordo com Tales Gomes, um dos advogados, insatisfeito com o resultado de uma ação na primeira instância, recorreu ao tribunal e procurou o desembargador que iria julgar sua apelação.
“No transcorrer da conversa, ele colocou sobre a mesa do desembargador uma espécie de dossiê com várias denúncias feitas em órgãos correcionais. O desembargador se sentiu coagido e procurou a Delegacia Geral para registrar a ocorrência”, detalhou o delegado.

As investigações apontam que o material apreendido, composto por documentos e equipamentos eletrônicos, será encaminhado para perícia. A expectativa é que ele ajude a esclarecer as intenções dos advogados e se houve a tentativa de obter vantagens em processos judiciais.
“A gente observa que o objetivo era desacreditar magistrados, atacar a honra deles e tentar conseguir resultados positivos em processos em trâmite. Temos vítimas, dois juízes e dois desembargadores, além de um terceiro juiz que presenciou ofensas feitas por um dos investigados”, afirmou Tales Gomes.

Os dois advogados foram intimados a comparecer para interrogatório. O delegado reforçou que a Ordem dos Advogados do Brasil no Piauí (OAB-PI) acompanhou as diligências desde o início e assinou todos os documentos junto com a Polícia.
“Agora vamos analisar o material apreendido e realizar novas oitivas. O inquérito segue em andamento para esclarecer por completo os fatos”, finalizou o delegado.