Águas de Teresina completa 8 anos e seu maior legado é a falta de abastecimento
Mágoas de Teresina: promessas de progresso ainda não chegaram à populaçãoNeste mês de julho, a Águas de Teresina completa oito anos à frente dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário da capital piauiense. Desde que assumiu a concessão em 2017, a empresa prometeu investimentos, melhorias e a universalização do acesso à água tratada. O discurso, no entanto, contrasta com a dura realidade vivida por milhares de teresinenses diariamente: a água que deveria chegar com mais frequência nas torneiras virou sinônimo de incerteza e frustração.

FALTA DE ABASTECIMENTO VIROU COSTUME
Virou rotina na capital do Piauí a falta de abastecimento. E o mais curioso, ou revoltante, é que a própria empresa comunica com antecedência quando o fornecimento será interrompido, quase como se a irregularidade fosse parte do cronograma. Em muitos bairros, a população já se acostumou a conviver com a escassez. Há casos em que a interrupção atinge regiões intieras, e não são raros os episódios em que quase toda a cidade sofre com a ausência de água nas torneiras.

O próprio Conecta Piauí divulgou, no mês de maio, que 'Em 4 meses, Águas de Teresina já interrompeu fornecimento de água ao menos 5 vezes em quase toda a cidade', desde então, as interrupções no fornecimento de água só aumentaram. Em algumas situações, a zona Sudeste da capital ficou vários dias sem água, e essa situação vai se repetir no próximo final de semana, agora na zona Leste.

SERVIÇO PRECÁRIO
Mesmo com a constante ausência do serviço básico, a Águas de Teresina afirma ter ampliado a rede de distribuição, elevado os investimentos e modernizado o sistema. Entretanto, nas ruas, o que a população percebe é o oposto: um serviço precário, demorado e com pouco compromisso com a realidade do cidadão.
É comum encontrar em Teresina, especialmente na periferia, moradores que enfrentam dificuldades com o abastecimento diário, muitos afirmam que a água chega de madrugada e vai embora antes do meio-dia. Quem não tem caixa d’água fica sem.

CONTA AUMENTA, MAS O SERVIÇO SÓ PIORA
E o problema não para aí. Com o passar dos anos, a conta também ficou mais salgada, e não é porque a água das torneiras não é do mar. Muitos usuários relatam aumentos abusivos nas tarifas, além da cobrança da taxa de esgoto em valores considerados fora do padrão, mesmo em áreas onde o serviço de esgotamento não é plenamente ofertado. Há ainda denúncias de cortes indevidos, mesmo quando a conta está paga, o que agrava ainda mais a insatisfação, como também já foi noticiado pelo Conecta Piauí e a imprensa em geral.
RUAS DESTRUÍDAS
Outro legado que marca a atuação da concessionária é o estado das ruas da cidade. Para realizar suas obras de expansão e manutenção da rede, a empresa escava vias públicas, mas em muitos casos não realiza a devida recomposição do asfalto. Ruas esburacadas, valas mal fechadas e buracos sem sinalização se tornaram parte do cenário urbano, gerando transtornos para motoristas, ciclistas e pedestres.

As reclamações já chegaram ao poder público. A prefeitura de Teresina, inclusive, determinou a suspensão de novas escavações e exigiu que a empresa execute os reparos adequados nas vias danificadas. A Câmara Municipal a abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as responsabilidades da empresa pelos danos causados à malha urbana e pelas falhas na prestação dos serviços, mas há quem diga que, por própria interferência da concessionária, a CPI acabou em pizza.

QUAL O FUTURO?
Apesar das promessas iniciais e de alguns avanços em indicadores técnicos, o sentimento predominante entre os moradores da capital é de frustração. O que deveria ser um marco no saneamento de Teresina tornou-se um problema cotidiano, afetando a qualidade de vida, gerando prejuízos e aumentando a indignação popular.
Oito anos depois, o que se esperava ser um salto rumo à modernidade tornou-se, para muitos, um símbolo do descaso e da ineficiência. E a pergunta que fica é: até quando Teresina continuará pagando caro por um serviço que não entrega o básico? Quantos anos o teresinense ainda vai esperar por um serviço de qualidade?