Tatiana Medeiros: relembre passo a passo do caso da vereadora que foi presa
Parlamentar é alvo de acusações graves, está em prisão domiciliar e afastada do cargo desde abrilDe longe um dos casos de maior repercussão na imprensa local nos últimos tempos, a prisão da vereadora Tatiana Medeiros pela Polícia Federal foi cercada por acusações gravíssimas, decisões duras da Justiça e posicionamentos públicos cautelosos da Câmara Municipal de Teresina, local onde Tatiana não apenas legislou por quatro meses, como também mantinha um gabinete parlamentar decorado, com diversos comissionados lotados. Nesta reportagem especial, vamos relembrar o passo a passo de todo o caso envolvendo a vereadora, acusada de compra de votos e de suposta ligação com facção criminosa. Eleita pela primeira vez em 2024, pelo PSB, Tatiana recebeu quase 3 mil votos.

- 03 de abril – Foi presa pela Polícia Federal
No terceiro dia do mês de abril, Tatiana Medeiros foi presa pela Polícia Federal em sua residência, no bairro Jóquei Clube. Sua detenção preventiva foi parte da segunda fase da Operação Escudo Eleitoral, que apurava indícios de lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos e suposto financiamento de campanha eleitoral por facção criminosa.

Também foi preso, em Minas Gerais, o namorado da vereadora, Alandilson Passos, acusado de ser integrante da facção Bonde dos 40. O curioso é que Alandilson já estava preso em Belo Horizonte desde novembro de 2024, como alvo de outra operação do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico.

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Piauí (OAB-PI) se manifestou prontamente sobre o caso, afirmando ter sido irregular a prisão, já que a instituição deveria ter sido previamente comunicada pelas autoridades policiais sobre a ocorrência da operação. No mesmo dia, a OAB-PI anunciou sua habilitação no processo e reprovou a possibilidade de Tatiana ser encaminhada diretamente ao sistema prisional, sob a alegação de que, por prerrogativa, a advogada deveria ser mantida em uma Sala de Estado Maior.
Além do mandado de prisão emitido em seu desfavor, Tatiana também foi afastada, por força judicial, de suas atividades parlamentares na Câmara de Vereadores. Uma vez presa, permaneceu por mais de 24 horas reclusa na sede da Polícia Federal, na Avenida João XXIII, zona Leste da capital, aguardando audiência de custódia.
- 04 de abril – Teve prisão mantida pelo TRE
Um dia após sua prisão, Tatiana Medeiros passou por audiência de custódia na sede do Tribunal Regional Eleitoral. A defesa alegou que não havia razões para imposição ou manutenção de medidas cautelares, argumentando que as acusações remetiam a fatos pretéritos, sem repercussão atual. Também apontou a ausência de antecedentes criminais, residência fixa em Teresina e o exercício de atividades parlamentar e jurídica.
No entanto, a prisão foi mantida pelo juiz Luís Henrique Moreira Rêgo. Atendendo ao pedido da OAB, a vereadora não foi encaminhada a uma penitenciária, mas a uma sala improvisada no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, respeitando suas prerrogativas como advogada.
- 15 de abril – Teve todos os comissionados exonerados na Câmara
Após mais de 10 dias da reclusão de Tatiana Medeiros no QCG da PM, o presidente da Câmara Municipal de Teresina, vereador Enzo Samuel, anunciou durante coletiva de imprensa a exoneração de todos os comissionados lotados no gabinete da parlamentar presa. Enzo explicou que a Justiça já havia determinado o afastamento dos servidores e que a decisão de demiti-los foi tomada após consulta jurídica à Procuradoria da Casa.

No mesmo dia, o partido de Tatiana, o PSB, encaminhou à Câmara o pedido de posse imediata do primeiro suplente da sigla, Leôndidas Júnior. No entanto, a presidência da Casa manifestou que seguiria o regimento e só convocaria Leôndidas após 60 dias de afastamento de Tatiana Medeiros.
- 20 de maio – Celular e tablet são encontrados em suas dependências

No dia 20 de maio, um fato de grande impacto no processo envolvendo a vereadora Tatiana Medeiros veio à tona. Durante uma vistoria, foram encontrados em sua cela improvisada no QCG um tablet e um celular. Relatórios posteriores à apreensão dos aparelhos constataram que Tatiana teria feito mais de 1.500 ligações entre os dias 7 de abril e 20 de maio. A primeira versão sobre como os aparelhos teriam chegado a "cela" da vereadora foi através de um de seus advogados. Algum tempo depois, a mãe de Tatiana, Maria Odélia, confessou ter levado celular e tablet para a filha, contrariando a versão anterior.
A Polícia Federal identificou que três chamadas de vídeo haviam sido realizadas entre Tatiana e Alandilson, além da realização de compras e troca de mensagens com terceiros.
- 21 de maio - Passa mal e é levada às pressas ao HUT

Um dia após o fato mais marcante do caso além de sua prisão, Tatiana Medeiros passou mal e teve que ser levada ao Hospital de Urgência de Teresina para receber atendimento médico. Fontes ligadas a vereadora posteriormente, afirmaram que mal estar pudesse ter sido causado por uso excessivo de medicação para contre da pressão arterial. Segundo a mãe de Tatiana, antes do celular ter sido encontrado nas suas dependências, a vereadora já teria passado por seis crises psicológicas dentro da sala do Quartel do Comando Geral da PM.
- 3 de junho - Conversão em prisão domiciliar com uso de tornozeleira
Á exatos 60 dias de decretar a prisão da vereadora, a juíza Júnia Maria Feitosa, da 1ª Zona Eleitoral de Teresina, converteu a prisão preventiva da vereadora em regime domiciliar. A decisão considerou laudos médicos que indicaram quadro psiquiátrico grave, autorizando tratamento domiciliar supervisionado. Tatiana foi submetida à prisão domiciliar integral, com uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, e proibida de acessar a internet, frequentar a Câmara Municipal ou manter contato com servidores.
- 4 de junho - Posse do suplente Leôndidas Júnior

Com o afastamento de Tatiana ultrapassando o prazo regimental de 60 dias, a Câmara Municipal de Teresina convocou o primeiro suplente Leôndidas Júnior (PSB), que tomou posse no dia 4 de junho. A Casa Legislativa no entanto reforçou a medida de continuar pagando salário para a vereadora mesmo durante o período da prisão. O entendimento da Câmara, que perdura até a data de publicação desta reportagem é a de aguardar uma decisão definitiva (transitada em julgado) para tomar qualquer medida, como cassação ou recomposição do gabinete da vereadora.