O perigo mora dentro de casa — e, na maioria das vezes, passa despercebido. Fios desencapados, uso de adaptadores como benjamins ou “Ts”, instalações improvisadas, ausência de aterramento, eletrodomésticos sem o selo do Inmetro e até banhos com chuveiro elétrico em pé no chão molhado. Comportamentos comuns que, infelizmente, seguem ceifando vidas no Brasil.

No Piauí, o alerta é ainda mais grave. O estado registrou 25 mortes por choque elétrico em 2024, de acordo com dados da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade). Embora o número represente uma queda de cinco mortes em relação a 2023, o estado ainda ocupa uma posição preocupante no ranking nacional.

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Piauí registra 25 mortes por choque elétrico em 2024

Em números absolutos, o Piauí foi o quarto estado do Nordeste com mais mortes por choque elétrico em 2024. Mas é na taxa proporcional que o cenário se torna ainda mais alarmante: o estado aparece como o quinto mais letal do Brasil, com 7,6 mortes por milhão de habitantes, ficando atrás apenas de Acre, Rondônia, Mato Grosso e Paraíba.

Ao longo da última década, mais de 6.300 pessoas morreram por choque elétrico no país. Uma média trágica de quase duas mortes por dia. Segundo a Abracopel, esses números podem estar subestimados. “Estima-se que os casos reais podem ser até três vezes maiores, já que muitos acidentes não são notificados oficialmente e nosso levantamento é feito a partir de notícias na imprensa”, explica Edson Martinho, diretor executivo da entidade.

Boa parte dos acidentes fatais acontece dentro das residências. São pessoas comuns que, ao tentarem resolver pequenos problemas elétricos por conta própria, acabam vítimas da própria negligência. “É comum encontrarmos casos de eletrodomésticos energizados por falta de aterramento ou manutenção inadequada. Um descuido e a tragédia se instala”, alerta Martinho. Além disso, dados revelam que 87% das vítimas fatais são homens — reflexo direto da predominância masculina em trabalhos elétricos e da tendência a improvisar sem auxílio profissional.

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Piauí registra 25 mortes por choque elétrico em 2024

Foto: Conecta Piauí

Emaranhado de fios

A falta de conhecimento sobre os riscos da eletricidade é um dos principais obstáculos na prevenção. Segundo o Corpo de Bombeiros, ainda é comum ver pessoas realizando reparos elétricos sem o mínimo preparo técnico. “É preciso parar de tratar a eletricidade com descaso. O barato pode sair muito caro”, diz nota da corporação.

Como se proteger

Especialistas reforçam que é essencial:

• Evitar o uso de benjamins e preferir réguas com proteção;
• Realizar revisões periódicas na instalação elétrica;
• Não improvisar reparos: chame um eletricista;
• Exigir o selo do Inmetro nos aparelhos elétricos;
• Instalar aterramento e dispositivos DR (Diferencial Residual) nas residências.

A eletricidade é indispensável no dia a dia, mas também exige respeito. Um pequeno erro pode ser fatal.