Conecta Piauí

Notícias

Colunas e Blogs

Blogs dos Municípios

Outros Canais

De tanto pensar, escrevi

Por Marcela Nogueira. Publicitária, pisciana raiz, mãe da Manuela e amante da arte — mesmo sem saber cantar, dançar ou tocar um instrumento. Intuitiva, criativa e intensa, vivo sentindo o mundo por dentro. Escrevo pra dar conta do que penso (e não digo), pra organizar o caos e, quem sabe, encontrar sentido nas entrelinhas do cotidiano.

O amor dorme?

Se o amor acordar, tomara que faça um lindo dia
De tanto pensar, escrevi

Desde que me entendo por gente, me dispus a correr a maratona do amor. Sim, maratona. Porque o amor exige. Exige esforço, dedicação, rega diária. E não tem pódio de chegada. Porque não dá pra parar de correr. (Spoiler: até quem ama precisa de tênis confortável e água de coco emocional no caminho.)

Mas como essa pegada de maratona, eu me pergunto: será que o amor dorme? Será que, ás vezes, ele precisa de um descanso? Será que ele pode ficar ali, escondido nas entranhas da mágoa, da incerteza… e despertar mais disposto depois de um cochilo profundo, como se tivesse feito um retiro espiritual nas Maldivas?

Foto: Conecta PiauíO amor dorme?
O amor dorme?

Ultimamente, eu, que sempre fui da linha de frente da corrida, parei. Dei um tempo da maratona. Cansei. Mas como boa atleta que sou, deixei a porta aberta. Porque, vai que o amor acorda (se é que ele dorme) e resolve voltar. Mesmo que eu já tenha saído, ele vai poder entrar.

As janelas também estão escancaradas para que, apesar de adormecido, o amor respire o mundo aqui fora. Vai que ele entende que, mesmo com bilhões de estrelas nascendo todos os dias no universo, é na troca que as constelações brilham?!

Se o amor acordar, tomara que faça um lindo dia. Tomara que o sol esteja com a playlist pronta, chamando pra dançar. E que o amor se deixe abraçar pela luz que o mundo, muitas vezes, tenta apagar da gente.

Eu deixo a porta aberta pra ele. Mas deixo pra mim também. Não como quem quer fugir, mas como quem reconhece que voltar a correr pode ser bonito. Ainda que existam outros caminhos… sinceramente, não me interessam.

O que eu acredito de fato é que tem amor que espera. Tem amor que cochila (tem?!). Tem amor que vibra, que sente, que se irrita. E tem amor que já pediu cancelamento via aplicativo, mas esqueceu de clicar em “confirmar”. O que não tem é amor sozinho. É estranho tentar enxergar resquícios e não reconhecer nem o olhar. Falta diálogo, sobram expectativas. E mágoas se empilham fazendo crescer muro de arrimo emocional.

Mas de quem é a culpa? É do amor preguiçoso, que resolveu fazer a egípcia e fingir que tá em transe? Talvez a resposta esteja nas pequenas desistências que a gente vai fazendo ao longo do caminho. Porque às vezes, não importa o quanto você grite: o silêncio já criou raízes. E o afastamento deixa de ser escolha. Vira sobra.

E assim, seguem os amores imperfeitos: lado a lado, mas sozinhos. Como duas linhas paralelas que nunca se encontram. E o que se vê por fora não dá conta do que pulsa por dentro.

Fica aqui um desejo sincero: que os amores despertem. Se reencontrem. Sorriam. Porque todo mundo merece existir por inteiro.

E eu? Eu ainda quero correr. Com tênis confortável, playlist das boas e um amor desperto. Porque tanto no amor, como na corrida, o melhor passo é sempre o que se dá junto.

PS: Minha dica pra quem chegou até o fim: “Yoko”, da banda Terno Rei. Uma música que, assim como esse texto, sussurra mais do que grita. Ah! Essa banda é um caminho sem volta.

Comente