O "choque da China" é um marco na história econômica recente: uma onda de produtos baratos inundou o mercado global, enquanto indústrias tradicionais enfrentavam dificuldades. Agora, algo semelhante pode estar acontecendo no mundo da inteligência artificial (IA), com a entrada do DeepSeek.

Esse fundo de hedge chinês, até então pouco conhecido, surpreendeu o mercado ao lançar o R1, um modelo de linguagem que rivaliza com os sistemas da OpenAI, líder do setor. Mas o que isso significa? Um fundo de hedge é um tipo de investimento que busca altos retornos por meio de estratégias variadas, como especulação e análise de mercados. Já o R1 é um modelo de linguagem baseado em IA, capaz de entender e gerar textos com alta precisão, comparável ao que já é oferecido por empresas de ponta como a OpenAI.

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A grande diferença é o custo significativamente menor e a abertura de seu código, permitindo que desenvolvedores explorem e personalizem o modelo. Essa abertura torna o R1 especialmente atraente para startups e empresas menores que não podem arcar com as soluções mais caras do mercado.

Os reflexos dessa inovação já impactam os gigantes da tecnologia. Empresas como Nvidia, Alphabet, Amazon, Microsoft e Meta perderam juntas quase US$ 750 bilhões em valor de mercado antes mesmo da abertura dos mercados nesta segunda-feira (27). O golpe é ainda mais duro para a Nvidia, caso se confirme que o R1 foi desenvolvido sem o uso de seus chips avançados, que são amplamente utilizados em sistemas de IA para acelerar o processamento.

Enquanto isso, as maiores empresas de tecnologia já planejavam investir cerca de US$ 300 bilhões em infraestrutura este ano. Meta e Microsoft devem anunciar, nesta semana, investimentos para 2024 que somam US$ 94 bilhões. Mas a chegada de um concorrente como o DeepSeek pode obrigar essas companhias a repensarem suas estratégias.

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Apesar do impacto, o R1 ainda não alcançou a chamada "inteligência geral artificial" — o tipo de IA com capacidade de raciocínio semelhante ao humano. Isso significa que ele é excelente em tarefas específicas, mas ainda não consegue realizar as mesmas atividades complexas que um humano faria em diversas áreas ao mesmo tempo. Mas sua proposta desafia a ideia de que avanços na área dependem de hardware extremamente caro. Isso abre espaço para uma IA mais acessível e democratizada.

Para empresas, essa mudança pode ser positiva. Modelos como o R1 são confiáveis e têm custo mais baixo, o que pode aumentar a eficiência e a lucratividade. Não é necessário ter sempre o melhor — muitas vezes, algo bom o suficiente é mais vantajoso.