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Entenda trama de Bolsonaro, Eduardo e Malafaia para pressionar STF e buscar apoio

Mensagens reveladas após indiciamento do ex-presidente mostram articulação e brigas internas
Redação

A Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no curso do processo da tentativa de abolição do Estado democrático de direito. No relatório, a PF se baseia em argumentos como: a articulação de estratégias para pressionar ministros do STF a aprovar anistia aos envolvidos no 8 de janeiro e a construção de narrativas públicas alinhadas aos seus interesses, inclusive com apoio internacional.

Foto: Marcos Côrrea/PR - Reprodução - Agência BrasilEntenda trama de Bolsonaro, Eduardo e Malafaia para pressionar STF e buscar apoio nos EUA
Entenda trama de Bolsonaro, Eduardo e Malafaia para pressionar STF e buscar apoio nos EUA

A investigação ainda traz novos elementos financeiros que reforçam a gravidade do caso. De março de 2023 a fevereiro de 2024, o ex-presidente movimentou R$ 61 milhões, segundo dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf): R$ 30,57 milhões em créditos e R$ 30,59 milhões em débitos em suas contas. 

As provas foram extraídas de mensagens recuperadas do celular de Jair Bolsonaro, trocadas entre 13 de junho e 17 de julho de 2025, que também indicam atuação ativa do pastor Silas Malafaia na coordenação política e comunicacional.

De acordo com a PF, a articulação entre Bolsonaro, Eduardo e Malafaia operaram para garantir uma pressão institucional sobre o STF, para alterar relatorias e influenciar julgamentos. Além disso, as figuras políticas ainda estavam em negociações com autoridades e líderes de opinião nos EUA, incluindo menções diretas ao ex-presidente Donald Trump.

Jair Bolsonaro 

Bolsonaro seria o organizador da trama, recebendo relatórios de Eduardo e orientações estratégicas de Malafaia. Ele interveio para impedir ataques contra Gilmar Mendes, avaliando riscos de sanções internacionais, e manteve conversas com ministros do STF para sondar resistências.

Eduardo Bolsonaro

Já  Eduardo Bolsonaro teve como função central a interlocução internacional. Ele repassou mensagens de apoio a Donald Trump, reforçando a narrativa de “perseguição política”. Preparou notas e sugeriu vídeos para Jair Bolsonaro, inclusive agradecendo a Trump pelo apoio. Além disso, o filho do ex-presidente também atacou o governador Tarcísio de Freitas para isolá-lo das negociações com Washington.

Em um dos diálogos, Eduardo menciona sanções contra Alexandre de Moraes:

“Magnitsky no Moraes está muito muito próxima.” A frase se refere à Lei Magnitsky, mecanismo usado pelos EUA para punir violações de direitos humanos, interpretado pela PF como tentativa de intimidação.

Silas Malafaia

O pastor evangélico aparece como orientador do discurso público e mobilizador de influência social. Ele criticou divergências internas e pediu alinhamento estratégico.

Em áudio enviado a Bolsonaro e citado no inquérito da PF, Malafaia chega a criticar o posicionamento de Eduardo frente ao tarifaço de Donald Trump: “E vem teu filho babaca falar merda! Dando discurso nacionalista, que eu sei que você não é a favor disso.” Malafaia sugeriu transformar tarifas impostas pelos EUA em arma política contra o STF

Além disso, orientou Bolsonaro a ampliar a pressão ao Congresso, citando líderes como Hugo Motta e Davi Alcolumbre, e planejou campanhas religiosas e vídeos para reforçar a narrativa pró-Bolsonaro.

A PF descreve a atuação do grupo como um “modus operandi de milícia digital”, utilizando mensagens em massa, vídeos e influenciadores religiosos para dar credibilidade às teses e pressionar autoridades.

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