Centrão cobra Motta por controle da LDO e tenta barrar promessa feita ao PT
Deputados querem impedir relator governista na LDO para garantir emendas no ano eleitoralDeputados do centrão estão pressionando o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), a romper o acordo firmado com o PT que garantiria ao deputado Carlos Zarattini (PT-SP) a relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026. O grupo articula para que a função seja ocupada por alguém menos alinhado ao Palácio do Planalto, com o objetivo de priorizar a execução das emendas parlamentares no ano eleitoral.

Segundo relatos de três parlamentares à Folha de S.Paulo, Hugo Motta ouviu as queixas e prometeu buscar uma solução negociada com o partido do presidente Lula. No entanto, petistas afirmam que esperam o cumprimento do compromisso firmado em fevereiro, durante a eleição de Motta à presidência da Câmara. O presidente da Casa não se pronunciou oficialmente sobre o tema.
A disputa ocorre em meio à insatisfação do Congresso com a demora na liberação das emendas parlamentares em 2025. Dos R$ 50,4 bilhões previstos, apenas R$ 23,7 milhões foram empenhados até agora. Governistas atribuem o atraso ao próprio Congresso, que só aprovou a lei orçamentária em março. Paralelamente, cresce a pressão para que a LDO de 2026 inclua regras que obriguem o governo a acelerar o pagamento das emendas antes do período eleitoral, além de restringir manobras orçamentárias do Executivo.
O deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), que lidera parte do movimento, defende um relator mais independente. “Não é por ser o Zarattini, é por ser alguém do partido do governo. O Executivo já elaborou o projeto, agora precisamos de alguém que faça o contraponto e oxigene o debate”, afirmou.
Petistas, por sua vez, consideram que qualquer mudança será interpretada como quebra de acordo político. O impasse já impacta o andamento do projeto, que ainda não foi encaminhado à Comissão Mista de Orçamento pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). A indicação de Zarattini foi formalizada pela liderança do PT, mas aguarda o aval do bloco que reúne partidos do governo, oposição e centrão.
O presidente da Comissão Mista, senador Efraim Filho (União Brasil-PB), afirmou que aguarda uma definição oficial. “Vamos prezar pelo senso de responsabilidade fiscal e entender que equilíbrio não se faz apenas com aumento de impostos, mas também com corte de despesas”, disse.
A LDO define as diretrizes para a elaboração do Orçamento anual e, em anos eleitorais, se torna peça-chave para garantir recursos aos redutos eleitorais dos parlamentares.