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Operações policiais expõem nova realidade do crime organizado no Piauí

Número de mandados de prisão contra mulheres cresceu quase 18% no primeiro semestre de 2025
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O aumento da participação feminina no crime organizado no Piauí tem chamado a atenção das autoridades de segurança pública e derrubado o estereótipo de que mulheres teriam um papel secundário ou inofensivo no mundo do crime. O que antes se resumia, em muitos casos, a ações pontuais como transporte de drogas ou pequenos furtos, agora inclui assaltos à mão armada, homicídios, gestão de facções criminosas e apologia ao crime nas redes sociais.

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, o número de mandados de prisão contra mulheres cresceu quase 18% no primeiro semestre de 2025 em comparação ao mesmo período do ano passado. Foram 169 mandados de janeiro a junho de 2024, contra quase 200 no mesmo intervalo deste ano. Nas penitenciárias do estado, o cenário também chama atenção: em apenas cinco anos, o número de mulheres cumprindo penas mais que dobrou, passando de 197 em 2018 para 448 em 2024.

Boa parte dessas prisões é resultado direto das investigações do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que tem intensificado operações para combater o avanço das facções no estado. O delegado Charles Pessoa, coordenador do Draco, afirma que o envolvimento feminino no crime tem se tornado cada vez mais estratégico.

"Nos últimos meses, identificamos e indiciamos mais de 19 mulheres, muitas delas com forte presença nas redes sociais, inclusive fazendo apologia a facções criminosas. Algumas chegaram a assumir o comando de organizações após a prisão de seus companheiros. Isso mostra que elas não estão mais apenas nos bastidores, mas atuando de forma ativa e muitas vezes com liderança dentro do crime”, explica o delegado.

Charles destaca ainda que muitas dessas mulheres utilizam a visibilidade digital como forma de ostentar e atrair seguidores, mascarando o vínculo com o crime por meio de perfis que se passam por influenciadoras ou blogueiras de estilo de vida.

As operações recentes têm mostrado que o combate ao crime organizado precisa considerar essa nova realidade, em que o perfil dos criminosos está cada vez mais diverso e, muitas vezes, menos previsível. Para a Secretaria de Segurança, esse dado reforça a necessidade de políticas públicas mais robustas, tanto na repressão quanto na prevenção da criminalidade feminina.

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