Preso por agredir a namorada com 61 socos denuncia tortura em presídio no RN
Detento relatou espancamentos, ingestão de spray de pimenta e ameaças de morteIgor Eduardo Pereira Cabral, detido por agredir a namorada com 61 socos dentro de um elevador em Natal (RN), relatou ter sido vítima de tortura por parte de agentes penitenciários na Cadeia Pública Dinorá Simas, localizada em Ceará-Mirim, na região metropolitana da capital.

De acordo com Igor, os supostos abusos tiveram início em 24 de julho, logo após a audiência de custódia. Ele foi primeiramente levado ao Centro de Recebimento e Triagem (CRT) de Parnamirim, onde dividiu cela com outros oito detentos, sem registrar conflitos.
No entanto, no dia 30 de julho, ele foi transferido para uma cela isolada. A transferência, segundo afirma, foi feita por um agente encapuzado, com sotaque carioca, que teria feito ameaças graves: Igor teria duas alternativas — ser violentado e agredido diariamente ou tirar a própria vida até o dia 1º de agosto.
Ainda segundo o relato do preso, ao chegar à unidade de Ceará-Mirim, ele reconheceu o mesmo agente que havia feito as ameaças. Igor afirma que foi despido, algemado e colocado dentro do ralo do banheiro, onde teria sido agredido com socos, chutes e chineladas. Também teria sido forçado a ingerir spray de pimenta, além de ser filmado nu, cuspido e submetido a novas agressões.
Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte (SEAP) informou que instaurou uma investigação imediata para apurar as denúncias de maus-tratos.
"Só pensei em sair dali viva", diz vítima
A mulher agredida por Igor prestou depoimento à TV Ponta Negra, afiliada do SBT no estado. Segundo ela, embora já sofresse com episódios de violência psicológica, essa foi a primeira vez em que ele a agrediu fisicamente de forma brutal. “Ele só tinha me dado um empurrão antes, mas nunca passou disso”, contou.
Ela afirmou ainda que o ataque aconteceu por ciúmes, após ela mesma mostrar mensagens no celular. “Eu senti que ele ia me bater. Por isso não saí do elevador, porque no corredor não tem câmera. Só pensei em sair dali viva”, desabafou.