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Piauienses são alvos fáceis para trabalhos análogos à escravidão em outros estados

Só em 2024, 30 piauienses foram resgatados em trabalho escravo na Bahia, segundo o MPT
Redação

O Ministério Público do Trabalho do Piauí faz um alerta para o elevado número de trabalhadores que são traficados para outros municípios e/ou estados para trabalharem e acabam sendo submetidos a situações análogas às de escravidão.

Foto: Reprodução/MPT-PIMPT alerta para tráfico de trabalhadores do Piauí em condições de trabalho escravo
MPT alerta para tráfico de trabalhadores do Piauí em condições de trabalho escravo

O procurador do Trabalho Edno Moura, coordenador regional de Combate ao Trabalho Escravo do MPT-PI, destacou que, ano após ano, trabalhadores piauienses são traficados para outros estados da federação e submetidos a trabalho escravo. “Esse ano, nós já resgatamos 30 trabalhadores que haviam sido traficados e submetidos a trabalho escravo no estado da Bahia. Já tivemos casos de trabalhadores que foram traficados para o interior do estado de São Paulo”, comentou.

Além disso, no Piauí é bastante comum o tráfico de trabalhadores entre municípios. Em 2024, trabalhadores de Nazária que foram resgatados nos municípios de Boa Hora e Monte Alegre do Piauí, onde estavam em situação análoga à de escravidão na atividade de extração de pedra. De acordo com o procurador, a situação é comum devido a falta de perspectivas dos trabalhadores nas suas localidades de origem. “É importante tratar disso com muita seriedade e refletir sobre as causas que levam as pessoas a aceitarem serem traficadas para outros municípios ou estados para serem submetidos a condições degradantes de trabalho. Falta políticas públicas que fixem os trabalhadores em suas próprias localidades e em condições dignas de trabalho”, pontuou.

Ainda segundo o procurador, é necessário que haja políticas públicas pós-resgates por parte das instituições responsáveis pelo acompanhamento desses trabalhadores. Isso porque, há muitos casos de reincidências de trabalhadores resgatados e, muitas vezes, sem alternativas, os trabalhadores voltam a se submeterem a condições degradantes de trabalho. “O que temos percebido é que, na sua grande maioria, o perfil dos trabalhadores resgatados em situação análoga à de escravos é de homens, pobres, sem escolaridade. Pessoas que vivem à margem da sociedade e que se encontram sem perspectivas de obtenção de renda e aceitam serem submetidos a condições degradantes porque não veem outra alternativa para auferirem renda para si e para o sustento de suas famílias. Por isso, acabam sendo presas fáceis para o trabalho escravo”, lamentou.

Como parte das diretrizes de atuação do MPT para combate ao tráfico de pessoas, foi instituído o projeto Liberdade no Ar. O objetivo é atuar em parceria com rodoviárias e aeroportos do país, disseminando conteúdo entre os viajantes e capacitando profissionais que atuam no transporte de passageiros sobre o tema para desconfiar de “promessas encantadoras” de emprego que camuflam fraude e exploração.

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