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Piauí tem recorde de feminicídios desde tipificação; SSP promete reforçar combate

A Secretária de Segurança do Piauí informou que tem investido no combate a violência doméstica
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Em 2024, as mulheres piauienses foram mais alvos do que nunca para os homens. É que no ano passado, o Piauí teve o maior número de feminicídios desde que o crime foi tipificado, há quase uma década. Com 40 vítimas, o Estado registrou uma morte a cada dez dias, em média, segundo o relatório anual da Secretaria de Segurança Pública, divulgado nesta semana. O número representa um crescimento de 48%, em relação a 2023. 

O Piauí teve 298 mortes de mulheres pelo simples fato de serem mulheres de 2015 até o ano passado. Porém, muitas entidades que atuam no setor, como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, considera que há subnotificação de casos, principalmente nos primeiros anos de vigência da lei de feminicídio, sancionada em 2015, como qualificadora do homicídio doloso, quando o assassinato acontece em um cenário de violência doméstica em razão da condição de sexo feminino.

Foto: ReproduçãoFeminicídio
Feminicídio

Antes do ano passado, o maior registro de feminicídios no Estado tinha sido registrado em 2021, durante a pandemia da Covid-19. Naquele ano, ocorreram 37 casos. “Os dados demonstram um contínuo crescimento da violência baseada em gênero no Brasil, do qual o indicador de feminicídio é a evidência mais cabal”, evidenciou Samara Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que aponta crescimento de casos em praticamente todo o país. 

A Secretária de Segurança do Piauí informou que tem investido no combate a violência doméstica, que é a porta de entrada até se chegar ao feminicídio. Segundo o secretário Chico Lucas as delegacias das mulheres têm sido ampliadas e melhoradas, bem como oferecidos mais canais de denuncias para as mulheres. “De fato teve esse aumento e ele está diretamente ligado a cultura machista que ainda impera em nosso país. Por isso a importância de denunciar logo na primeira violência”, pontuou.   

Para a delegada Nathalia Figueiredo, titular da Delegacia de Feminicídios, instalada no Departamento de Homicídios e Proteção de Pessoas (DHPP), o feminicídio é um crime extremamente completo, bem diferente de todos os outros, justamente pelo fato dele ocorrer, em sua maioria, dentro do seio familiar, onde poucos, inclusive a polícia, tem acesso ou sabem o que de fato está acontecendo. Ela ratifica a importância da denuncia no primeiro ato de violência sofrido, seja ele qual for. 

“No que tange a violência física, por exemplo, que é a forma mais grave da violência doméstica, acontece quando a vítima não denuncia, então ocorre essa progressividade das agressões para chegar ao ponto irreversível que é o feminicídio. Mas, pode-se chegar até com violência psicológica ou econômica”, destacou a delegada, enfatizando que o combate a esse time de crime precisa de um trabalho conjunto, de forma integrada entre os entes de uma rede de proteção e a polícia

“Isso dá, através de intensificação de palestras, o acolhimento dessas mulheres que estão no contexto de violência e não querem mais permanecer no lar, ou seja, por meio de casas abrigo. Também por meio de serviços profissionalizantes. Então, são várias coisas que devem trabalhar de forma integrada para que a gente consiga reduzir esses números”, pontuou. 

Um dos entes que atua nessa rede, por exemplo, a Secretaria de Estado das Mulheres (Sempi) apresenta, nesta sexta-feira (31), o primeiro Boletim de Dados de 2024 do Observatório da Mulher Piauiense. Trata-se de um importante documento que reúne uma série de indicadores e análises aprofundadas, fornecendo um diagnóstico preciso e atualizado dos serviços oferecidos pela Rede de Proteção à Mulher no estado. A solenidade de lançamento acontecerá na Casa da Mulher Brasileira, a partir das 9h.

“A meta é que a publicação ocorra anualmente com a ampliação de políticas públicas para as mulheres do estado. Os dados encontrados são cruciais para identificar as principais demandas e desafios enfrentados pelas mulheres e direcionar as ações de forma mais eficaz”, disse Zenaide Lustosa, secretária da mulher.

Total de casos por ano, na ordem dos anos que tiveram mais feminicidios

2024 40
2021 37
2020 31
2016 30
2019 29
2023 28
2017 27
2018 26
2015 26
2022 24

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