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Dengue matou 85 piauiense só neste século e 2024 caminha para ser o mais mortal

Os números são do Ministério da Saúde que tabulou os óbitos provocados pelo tipo grave da doença
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Oitenta e cinco piauienses perderam a vida por causa da dengue, somente neste século. Isso equivale a quase quatro mortes por ano ou uma a cada três meses. Os números são do Ministério da Saúde que tabulou os óbitos provocados pelo tipo grave da doença desde 2000, em todo o país. Apesar do número no Piauí ser considerado alto, ele aparece na lanterna entre os estados da região Nordeste. 

Foto: ReproduçãoMédica morreu 13 dias depois de ter perdido o filho para a mesma doença
Médica morreu 13 dias depois de ter perdido o filho para a dengue 

Na verdade, o dado referente ao somatório das mortes causadas pelo mosquito aedes no Piauí, desde o primeiro ano do século XXI, só é maior que o de outros quatro estados, todos da região Norte (Acre, 78; Tocantins, 69; Amapá, 29; e Roraima, 23). O líder desse ranking macabro é São Paulo, com mais de 2,4 mil vidas perdidas pela doença desde o ano 2000. No Nordeste, a liderança fica com o Ceará, que soma 630 falecimentos. 

Foto: ReproduçãoDengue matou 85 piauiense só neste século e 2024 caminha para ser o mais mortal
Dengue matou 85 piauiense só neste século e 2024 caminha para ser o mais mortal

"A maior parte dos casos de dengue têm uma boa evolução clínica, mas algumas pessoas acabam desenvolvendo casos mais graves que, se não tratados adequadamente, podem levar ao óbito", avaliou Carlos Fortaleza, médico infectologista e diretor da Faculdade de Medicina da UNESP especialista, destacando que nos últimos dois anos, além da explosão de casos, o país também registrou recorde de mortes.

Foram 1.053 óbitos em 2022 e 1.094 em 2023 – em toda a série histórica (2000-2023), o Brasil nunca tinha ultrapassado a marca de mil óbitos pelo mosquito da dengue. Em 2024, ainda não chegou nem na metade, e já bateu todos os recordes. Conforme o painel de casos do Ministério da Saúde, já são mais de 5,1 milhões de confirmações, com quase 3 mil mortes registradas e outras 2,6 mil sob investigação. 

Foto: ReproduçãoDengue matou 85 piauiense só neste século e 2024 caminha para ser o mais mortal
Dengue matou 85 piauiense só neste século e 2024 caminha para ser o mais mortal

No Piauí, esses números não são diferentes. Pior, tudo está caminhando para que 2024 se torne o ano mais mortal da dengue no Estado. Com a tragédia familiar que vitimou mãe e filho, em menos de duas semanas, por causa da doença, em Teresina, o número de mortes no território piauiense chega a 11, ficando atrás apenas dos anos de 2007, que registrou 13 óbitos; e 2022, que somou 15 falecimentos, o maior até então. 

O detalhe é que ainda tem outras três mortes em avaliação e mais sete meses pela frente. A taxa de letalidade da dengue no Piauí já é de 3,70, considerada bem elevada entre os estados. No Brasil, o índice de mortalidade está em 4,92. O número de mortes confirmadas até maio já é quase o triplo de todo o ano passado, quando 4 piauienses perderam a vida para a doença. 

Foto: ReproduçãoCom apenas 5 dias de vida, bebê contrai dengue e é internado em UTI
Mosquisto transmissor da dengue 

Em relação aos casos prováveis da doença, os números chegam a 10.266 em 2024 contra pouco mais de 7,4 mil, ano passado, aumento de 33%. As mulheres são as mais afetadas pela doença, representando 54,5% das ocorrências prováveis, contra 44,5% de pessoas do sexo masculino. A faixa etária mais afetada é dos 20 aos 29 anos, com 1,8 mil pessoas atingidas, e a cor atingida em sua maioria é a parda (90%).

Diante desses números, a Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi) reforçou as ações de monitoramento e apoio técnico para controle da doença. Uma das medidas foi a liberação do carro fumacê aos municípios que tiveram um aumento da incidência e se encontram em situação de alerta. “Essa não é uma medida de controle, mas uma medida emergencial, para contribuir no controle da situação daqueles municípios em situação de maior dificuldade”, pontua Ocimar Alencar, supervisor de entomologia da Sesapi.

No início do mês, também a Sesapi fez a distribuição das 21.870 doses de vacina contra a dengue, fornecidas pelo Ministério da Saúde, para os municípios com maior incidência. “Cabe, agora, aos municípios desenvolverem seus planos de vacinação considerando o público alvo da campanha, que são crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos”, destaca Leila Santos, superintendente de Atenção à Saúde e Municípios do órgão. 

Popularmente conhecido como dengue hemorrágica, o agravamento da dengue se caracteriza por uma queda acentuada de plaquetas – fragmentos celulares produzidos pela medula óssea que circulam na corrente sanguínea e ajudam o sangue a coagular – e que geralmente leva ao extravasamento grave de plasma. O termo dengue hemorrágica, na verdade, deixou de ser usado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2009, uma vez que a hemorragia, nesses casos, nem sempre está presente.  

De acordo com as diretrizes publicadas pela OMS, as autoridades sanitárias atualmente distinguem as infecções basicamente entre dengue e dengue grave. Enquanto os casos de dengue não grave são subdivididos entre pacientes com ou sem sinais de alerta, a dengue grave é definida quando há vazamento de plasma ou de acúmulo de líquidos, levando a choque ou dificuldade respiratória.

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