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4 de cada 10 hectares de mata atlântica desmatada no Brasil em 2023 foi no Piauí

A informação é da Fundação SOS Mata Atlântica
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A cada dez hectares de mata atlântica desmatada no Brasil, em um ano, quatro ocorreram em território piauiense. A informação é da Fundação SOS Mata Atlântica, com base no Atlas da Mata Atlântica e no Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica, e que verificou um desmatamento de quase 6,2 mil hectares do bioma no Estado, de 2022 para 2023. 

Foto: Reprodução4 de cada 10 hectares de mata atlântica desmatada no Brasil em 2023 foi no Piauí
4 de cada 10 hectares de mata atlântica desmatada no Brasil em 2023 foi no Piauí

Sozinho, o Piauí registrou 42% de todo o desmatamento da floresta, nos anos pesquisados. Foi o estado que mais devastou no país, indo, inclusive, na contramão da média nacional, que anotou redução de 27%. Alvorada do Gurguéia e Manoel Emídio, ambas na região dos Cerrados, lideraram entre os municípios que mais devastaram a Mata Atlântica, no período. 

Foto: Reprodução4 de cada 10 hectares de mata atlântica desmatada no Brasil em 2023 foi no Piauí
4 de cada 10 hectares de mata atlântica desmatada no Brasil em 2023 foi no Piauí

Houve queda do desflorestamento na maioria dos estados, com destaque para quedas significativas em estados tradicionalmente líderes do desmatamento, como Minas Gerais, Bahia Paraná e Santa Catarina. O desflorestamento ficou concentrado, apenas, Piauí, Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso do Sul, que juntos somaram 13.298 hectares ou 90% da perda total. 

Foto: Reprodução4 de cada 10 hectares de mata atlântica desmatada no Brasil em 2023 foi no Piauí
4 de cada 10 hectares de mata atlântica desmatada no Brasil em 2023 foi no Piauí

Destes, somente Piauí e Mato Grosso do Sul tiveram alta na taxa de desflorestamento. O bioma, apontado como um dos prioritários no mundo para ser restaurado, está presente em 17 estados e teve redução no desflorestamento na maior parte deles. Com destaque para Minas Gerais (MG), Paraná (PR) e Santa Catarina (SC), que tiveram queda de 57%, 78% e 86%, respectivamente.

Semarh se posiciona 

Em nota, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) disse que tem reforçado sua atuação em relação aos alertas de desmatamentos ilegais. Conforme o órgão, 99% dos alertas ilegais foram embargados pela pasta. Dados do Mapbiomas Alerta mostram que teve um aumento de 76,6% de áreas desmatadas ilegalmente na área de aplicação da lei da mata atlântica. 

“Em 2023 e no início de 2024, a SEMARH embargou 99% (noventa e nove por cento) dos alertas ilegais de 2022 e 2023, além de outras áreas abertas em anos anteriores: somadas, foram embargados 19.731,00 hectares. Só neste ano de 2024, foram 3,5 mil hectares embargados nos municípios de Sebastião Leal e Manoel Emídio, em duas grandes operações realizadas pelo órgão”, pontuou a nota. 

Felipe Gomes, diretor do Centro de Geotecnologias Ambientais e Gestão Florestal da Semarh, destaca que as áreas desmatadas não se referem ao bioma mata atlântica, mas sim, a áreas de florestas e savanas dos biomas Caatinga e Cerrado que são protegidas pelo regime jurídico. Conforme mapa oficial de biomas brasileiros do IBGE de 2019, o Piauí só possui estes dois biomas: Caatinga e Cerrado. 

Foto: ReproduçãoDiretor do Centro de Geotecnologias Ambientais e Gestão Florestal da Semarh, Felipe Gomes
Diretor do Centro de Geotecnologias Ambientais e Gestão Florestal da Semarh, Felipe Gomes

“Temos atuado em parceria com diversas esferas governamentais e, até mesmo, com a sociedade civil organizada, como a ONG Mapbiomas, que tem buscado soluções para aprimorar cada vez mais a transparência acerca das informações que orbitam a questão do desmatamento no Estado”, destacou o diretor, ressaltando que, em 2023, a SEMARH emitiu Autorização para Supressão Vegetal (ASV) nessa área de mata atlântica para apenas 85 hectares. Todas elas para Linhas de Transmissão de energia, o que é permitido pela lei, por se tratar de empreendimento de utilidade pública”, completou. 

Já Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, a contraposição entre os estados que tiveram redução e os que tiveram aumento no desflorestamento se deve ao aumento das derrubadas em regiões de transição de biomas e encraves (vegetação diferenciada em uma paisagem dominante) no Cerrado e na Caatinga. 

Isso acontece principalmente no Piauí, Bahia e Mato Grosso do Sul, majoritariamente onde há expansão agrícola. A fundação afirma que também há relação com a aplicação da Lei da Mata Atlântica, que protege a vegetação nativa do bioma, que é contestada e não aplicada de forma rigorosa nessas regiões.

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