Relatório do Ministério da Justiça revela aliança inédita entre PCC e CV
O relatório destaca que há uma tentativa de unificação da defesa jurídica das duas facçõesUm relatório de inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais acendeu um alerta sobre uma possível cooperação entre as facções criminosas PCC e Comando Vermelho. O documento aponta que líderes dos grupos estariam coordenando ações para pressionar o sistema penitenciário nacional a reduzir a rigidez no tratamento de presos perigosos, especialmente aqueles detidos em unidades federais de segurança máxima.
Conversas interceptadas com autorização judicial revelaram diálogos entre advogados e criminosos dentro dos "parlatórios", salas destinadas a encontros entre detentos e seus defensores. O relatório destaca que há uma tentativa de unificação da defesa jurídica das duas facções, com o objetivo de fortalecer a atuação dos grupos no sistema prisional e pleitear mudanças nas regras impostas aos chefes encarcerados.
No sistema federal, os presos cumprem pena sob um regime disciplinar severo, com isolamento em celas individuais, banho de sol reduzido a duas horas diárias e restrição de visitas, que ocorrem sem contato físico. Segundo o relatório, há indícios de que integrantes do PCC estejam reunindo assinaturas para um suposto abaixo-assinado pedindo a flexibilização dessas medidas, permitindo o retorno das visitas presenciais com contato físico.

Autoridades monitoram ainda mensagens de texto que sugerem um pacto de não agressão entre as facções fora dos presídios. Supostos comunicados internos indicam que ataques entre PCC e Comando Vermelho estariam proibidos em todos os estados, o que, segundo o promotor Lincoln Gakiya, pode fortalecer o tráfico internacional de drogas e de armas, além de consolidar o controle territorial das facções nas principais capitais.
Especialistas alertam que a suposta aliança entre os dois maiores grupos criminosos do Brasil representa um risco significativo para a segurança pública. Além de desafiar o sistema carcerário, essa união pode ampliar a influência das facções dentro e fora dos presídios, dificultando o combate ao crime organizado e exigindo ações mais rigorosas por parte do Estado.