Ex-policial que matou tesoureiro do PT em festa de aniversário é condenado
Juíza condenou o bolsonarista Jorge Guaranho a 20 anos de prisão pelo crime ocorrido em 2022O ex-policial penal Jorge Guaranho foi condenado, nesta quinta-feira (13), a 20 anos de prisão pelo assassinato do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda. O crime ocorreu em 9 de julho de 2022, quando Guaranho invadiu a festa de aniversário da vítima, que tinha temática do presidente Lula e do PT, e o matou a tiros.
A decisão foi proferida pelo Tribunal do Júri de Curitiba, que reconheceu o homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e perigo comum.

A juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, responsável pelo julgamento, determinou que Guaranho cumpra a pena inicialmente em regime fechado. Além disso, ordenou a prisão imediata do condenado, que desde setembro de 2024 estava em regime de prisão domiciliar.
O Departamento de Polícia Penal do Paraná será responsável por definir a unidade prisional para onde ele será encaminhado. Cabe recurso da decisão.
Julgamento e depoimentos
O julgamento, que durou três dias, contou com a audição de nove testemunhas, entre peritos, amigos da vítima e do réu, além da viúva de Marcelo Arruda, Pâmela Suellen Silva. Em seu depoimento, ela relatou a dificuldade de criar o filho mais novo sem o marido. Na época do crime, o bebê tinha apenas 40 dias de vida.

O réu, que falou publicamente sobre o caso pela primeira vez, afirmou que não foi à festa "nem para brigar, nem para matar". A defesa sustentou a tese de legítima defesa e negou motivação política para o crime. No entanto, a juíza Stadler enfatizou a intolerância política presente na conduta de Guaranho e ressaltou o uso de uma arma da União para cometer o assassinato.
Repercussão e legislação contra intolerância política
Durante a leitura da sentença, a magistrada citou a promulgação da lei estadual contra a intolerância política, que institui o dia 9 de julho - data do crime - como o Dia Estadual de Luta contra a Intolerância Política e de Promoção da Tolerância Democrática. Segundo ela, o caso evidencia a necessidade de medidas concretas para coibir esse tipo de violência.

O crime e a investigação
As investigações apontaram que Jorge Guaranho foi até o local da festa de Marcelo Arruda, discutiu com os presentes e retornou ao local minutos depois armado. Ele disparou contra a vítima, que revidou utilizando a arma que carregava por ser guarda municipal. Arruda foi socorrido, mas morreu na madrugada do dia seguinte.
O crime teve grande repercussão política e social, sendo considerado um marco nos casos de violência motivada por divergências ideológicas.

Com informações do g1 e Folha