SSP-PI e UFPI inauguram espaço de acolhimento contra violência de gênero
Sala homenageia ex-aluna Janaína Bezerra e busca reforçar a proteção das mulheres na universidadeCom o objetivo de enfrentar qualquer forma de violência contra a mulher e oferecer acolhimento no ambiente acadêmico, a Secretaria da Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), em parceria com a Universidade Federal do Piauí (UFPI), inaugurou a Sala Lilás Janaína da Silva Bezerra. A solenidade de inaguraçao aconteceu nesta quinta-feira (28/08), no Centro de Ciências da Saúde (CCS), localizado no Campus Ministro Petrônio Portella, bairro Ininga, zona Leste de Teresina.
A ação integra a campanha Agosto Lilás, mês dedicado à conscientização pelo fim da violência contra a mulher, e reforça o compromisso das instituições com a promoção de ambientes mais seguros, acolhedores e igualitários.
Nadir Nogueira, reitora da Universidade Federal do Piauí, destaca a importância da entrega da Sala Lilás Janaína da Silva Bezerra. “A criação desse espaço foi pensada para acolher a comunidade acadêmica e faz parte de um conjunto de ações da universidade contra a violência e em defesa da vida, especialmente no combate à violência contra as mulheres. Não estamos entregando apenas uma sala, mas também um serviço em parceria com a Secretaria de Justiça, com profissionais como psicólogos e assistentes sociais preparados para escutar e acolher estudantes, professoras, técnicas administrativas e colaboradoras. Queremos que todas se sintam seguras para denunciar qualquer tipo de violência e reafirmamos que não há espaço para isso dentro da Universidade. Ao homenagearmos Janaína Bezerra, reforçamos nosso compromisso de transformar dor em luta e de dizer não à violência contra as mulheres”, afirma.
Chico Lucas, secretário da Segurança Pública do Piauí, ressalta que o enfrentamento à violência contra a mulher precisa ir além da investigação das denúncias. “Esse fenômeno é estrutural e atinge diferentes grupos minoritários, como a população LGBTQIAPN+, idosos e, especialmente, as mulheres. Dentro da universidade, por exemplo, há situações que vão da discriminação ao assédio, chegando a casos graves como o de Janaína. Por isso, além do aparato policial, precisamos atuar de forma preventiva, ampliando o debate e conscientizando a sociedade sobre o machismo estrutural que está presente em todos os espaços, das redações às escolas e às famílias”, enfatiza.
Ele reforça que a criação da Sala Lilás é um passo importante, mas que o diálogo permanente é fundamental para combater a desigualdade de gênero. “É essencial que esse debate esteja em todos os ambientes, porque só assim vamos superar um problema que está na raiz da violência de gênero. Mais do que espaços físicos, precisamos estimular a reflexão e a mudança de mentalidade”, avalia.
Brenda Carvalho, diretora de Defesa Social da Secretaria de Segurança Pública, explica como a parceria com a Universidade Federal do Piauí foi construída. “Essa iniciativa surgiu a partir de um termo de cooperação firmado entre a UFPI e a Secretaria de Segurança. Hoje assinamos dois documentos: um que garante a inauguração da Sala Lilás Janaína da Silva Bezerra e outro voltado à proteção de grupos vulnerabilizados, como a população LGBTQIAPN+, pessoas idosas, pessoas com deficiência e adolescentes que estudam na instituição. A sala chega para atender uma demanda antiga de estudantes, servidoras e professoras, fortalecendo a rede de proteção às mulheres dentro do ambiente acadêmico”, afirma.
A sala leva o nome da ex-aluna do curso de Jornalismo da UFPI, Janaína Bezerra, que foi violentada e assassinada no campus Petrônio Portella durante uma festa universitária no ano de 2023. O principal suspeito é Thiago Mayson da Silva Barbosa, ex-estudante de mestrado em Matemática da UFPI, que foi preso em flagrante e teve prisão preventiva decretada em 29 de janeiro de 2023.
Maria do Socorro, mãe de Janaína, fala emocionada sobre a homenagem à filha. “Hoje fazem dois anos e sete meses que não estamos mais com ela e a dor continua muito grande. Janaína era nosso sonho, nossa esperança, nosso braço forte, e tudo isso foi destruído porque infelizmente não tivemos segurança. Eu peço por justiça para que não aconteça com mais ninguém”, desabafa.
Ela acredita que a criação da Sala Lilás pode evitar novas tragédias. “Esse espaço vai ajudar muitas mulheres a não passarem pelo que eu passei. O sofrimento é enorme, mas acredito que aqui elas vão encontrar proteção e apoio para não serem vítimas da violência”, afirma.
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