Dois médicos são vítimas de violência no ambiente de trabalho por mês no Piauí
São exatos 241 boletins de ocorrência registrados nas delegacias de Polícia Civil do EstadoEstudo inédito feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) revelou que no Piauí um médico é vítima de violência dentro de um estabelecimento de saúde, seja público ou privada, a cada 15 dias. São exatos 241 boletins de ocorrência registrados nas delegacias de Polícia Civil do Estado na última década. Os casos são de ameaça, lesão corporal, desacato, injúria, calúnia, difamação, constrangimento, perturbação, furto e até mesmo vias de fato.
O levantamento, porém, é nacional e teve início em 2013, quando o CFM contabilizou 38 mil BOs em que médicos denunciaram ter sofrido algum tipo de violência. Cerca de 47% dos registros foram contra mulheres. Há, inclusive, registros de mortes suspeitas de médicos dentro de estabelecimentos de saúde. Nessa última década, a média ficou em nove casos de violência contra médicos em estabelecimentos de saúde por dia no país, ou um a cada 3h.

Os números mostraram ainda que as ocorrências acontecem mais no interior dos estados, com 66% dos casos. De acordo com os dados levantados pelo CFM, os autores dos atos violentos são, em grande parte, pacientes, familiares dos atendidos e desconhecidos. Há ainda casos minoritários de ameaça, injúria e até lesão corporal cometidos por colegas de trabalho, incluindo enfermeiros, técnicos, servidores e outros profissionais da saúde.
Segundo Yáscara Lages, conselheira federal do Piauí no CFM, é fundamental lutar por uma legislação trabalhista específica para os trabalhadores. “Destaco o fortalecimento da segurança nas unidades de saúde; educação e conscientização da população, com campanhas de sensibilização sobre a importância do respeito aos profissionais de saúde; apoio jurídico e psicológico; plano de carreira, legislação específica e penas mais rigorosas”, disse.
Apesar dos dados assustadores, no levantamento de 2013 a 2024, o Piauí não aparece entre os estados com maior registro de violência, estando em 18º lugar entre os 26 estados e mais o Distrito Federal. Essa posição o coloca em 6º lugar entre os estados da região Nordeste em registros de violência contra médicos. Ainda assim, são números preocupante e requer maior atenção para os profissionais de saúde.
São Paulo é apontado como o estado mais violento, tendo acumulado quase a metade dos casos de violência existentes, em termos absolutos. Foram 18 mil dos 38 mil registrados. Por lá, a média de idade dos médicos que sofrem algum tipo de violência é de 42 anos. Cerca de 45% dos registros de violência em estabelecimentos de saúde paulistas foram contra médicas. Ou seja, foram 8,1 mil casos nos últimos 12 anos, uma média de quase dois por dia.
