Tarifaço do presidente Donald Trump: repercussões e soluções para o Brasil
China e Europa são os mais atingidos com tarifas que chegam a 54% em alguns produtosO objetivo central deste artigo é fazer uma análise do atual cenário da economia internacional com o tarifaço global do Governo Trump, onde o Brasil ficou com a menor alíquota de importação de 10%. A tarifa vai encarecer produtos brasileiros comprados por empresas e consumidores americanos, mas com impacto bem menor do que outras nações, como Índia (26%), Japão (24%) e União Europeia (20%). No caso da China, os produtos serão taxados em até 54%.

Os Economistas analisam os impactos das mudanças para o Brasil, mas a percepção é que, entre ganhos e perdas, o saldo tende a ser negativo devido à maior incerteza global e aos riscos para o crescimento econômico mundial, o que teria impacto sobre a atividade econômica brasileira. A previsão de muitos economistas é que o tarifaço de Trump vai gerar inflação nos Estados Unidos, podendo esfriar a maior economia do mundo. Além disso, a Organização Mundial do Comércio projeta que o aumento das tarifas americanas vai reduzir em 1% o comércio mundial neste ano. Por outro lado, potenciais ganhos para o Brasil com a nova configuração de comércio mundial também têm sido apontados.
Os impactos positivos vão desde ganho de competitividade de produtos brasileiros no mercado americano, frente a produtos sobretaxados de outros países, a aumento das vendas de commodities para a China, já que o país tende a reduzir suas compras dos Estados Unidos. Há também expectativa de que o aumento da tensão entre EUA e Europa possa impulsionar a implementação do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, algo que pode ampliar as exportações da indústria brasileira.
No cenário macroeconômico, a desvalorização do dólar, que tem recuado globalmente desde a posse de Trump em janeiro, pode trazer alívio para a inflação brasileira, ao baratear produtos importados.
Taxação de outros países pode abrir mercados para Brasil?
Apesar de, antes do anúncio do tarifaço, Trump ter citado o Brasil diretamente como um parceiro protecionista, o país ficou no grupo da tarifa extra mínima, de 10%, porque tem um comércio equilibrado com os Estados Unidos.
No último ano, o saldo ficou positivo para os americanos em cerca de US$ 300 milhões, com os EUA comprando US$ 40,4 bilhões em produtos do Brasil (12% das exportações brasileiras) e vendendo US$ 40,7 bilhões para cá (15,5% das importações do Brasil).
As tarifas mais altas foram aplicadas contra países com os quais os Estados Unidos têm grandes déficits comerciais.
Essa diferença pode criar oportunidades para o Brasil. O principal impacto previsto é o aumento de vendas do agronegócio para a China, que deve reagir a sua taxa elevada reduzindo as compras dos Estados Unidos, pois o tarifaço vai ampliar as trocas brasileiras com a China, que já é o maior parceiro comercial do país, seguida dos Estados Unidos.
A corrente de comércio (soma de importações e exportações do Brasil) com os chineses é praticamente o dobro dos americanos [com o Brasil]. Não será́ difícil ver os chineses caminharem para US$ 200 bilhões de corrente de comércio com o Brasil e os americanos caı́rem para US$ 60 bilhões, resultando em um aumento da balança comercial do Brasil nos próximos anos, pois, além das safras crescentes, a demanda chinesa por soja, milho e carnes dos EUA será́ desviada para o Brasil. O mesmo vale para as outras commodities.
Neste caso há uma tendência de aproximação do Brasil também com o Sudeste Asiático, Japão e Europa, aumentando a corrente de comércio com esses países.
Além disso, há perspectiva de que alguns exportadores brasileiros possam ter ganho de mercado nos EUA, por causa das tarifas maiores impostas a outros países. No caso do café, por exemplo, embora o produto brasileiro passe a ser taxado em 10%, outros fornecedores sofrerão tarifas ainda maiores, como Suíça (31%) e Vietnã (46%).
Enquanto os chineses importam muitas commodities brasileiras, os Estados Unidos são o principal comprador de produtos manufaturados do Brasil, como insumos e equipamentos para sua indústria.
Os três itens mais vendidos aos americanos são petróleo, produtos semi-acabados e outras formas primárias de ferro ou aço, e aeronaves e suas partes.
Quanto ao câmbio do Brasil há muita incerteza sobre os rumos da taxa de câmbio., pois em momentos como ocorre agora, de crise e instabilidade, investidores costumam buscar aplicações mais seguras em dólar, o que valoriza a moeda americana.
O que vai acontecer com a economia agora? É difícil saber dada a instabilidade e aversão que os empresários brasileiros têm de arriscar, pois a nossa moeda pode ser depreciada
Será que a economia global vai entrar em recessão? E o dólar vai ficar mais forte?
Perguntas sem uma resposta definitiva no atual momento da economia internacional.