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'O legado dela é o Parque', diz Marian Rodrigues sobre referência de Niède Guidon

Marian destaca o trabalho material e imaterial liderado pela arqueóloga de importância internacional

A manhã desta quarta-feira (04/06) amanheceu em luto no sertão piauiense. Faleceu, aos 92 anos, Niède Guidon, a arqueóloga responsável por transformar a região do Parque Nacional Serra da Capivara em referência mundial para a arqueologia. Entre aqueles que hoje lamentam profundamente a sua partida está Marian Rodrigues, atual chefe do Parque, que foi braço direito de Niède por muitos anos em São Raimundo Nonato.

Foto: Reprodução'O legado dela é o Parque', diz Marian Rodrigues sobre referência de Niède Guidon
'O legado dela é o Parque', diz Marian Rodrigues sobre referência de Niède Guidon

“É um sentimento de orfandade, um sentimento de muito pesar, de luto mesmo”, desabafou Marian. A pesquisadora acompanhou de perto a trajetória da arqueóloga, com quem compartilhou anos de trabalho e aprendizados diários. “A doutora Niède sempre representou um farol para todas nós que convivemos, aprendemos e trabalhamos com ela. Hoje está sendo um momento muito difícil”, acrescentou, emocionada.

Para Marian, mais do que as descobertas científicas ou os reconhecimentos internacionais, o maior legado de Niède está fincado na própria terra que ela tanto amou e defendeu: “O legado dela é o Parque, é toda essa obra material e imaterial que ela construiu nessa região. O que ela fez pelo Parque, por essa região e por nós, as pessoas daqui.”

Niède dedicou mais de cinco décadas à pesquisa e à preservação da Serra da Capivara, liderando escavações que desafiaram paradigmas sobre a presença humana nas Américas. Seu compromisso não se restringiu à ciência: foi também um projeto de desenvolvimento social, cultural e econômico para o semiárido piauiense.

A morte de Niède ocorre às vésperas do aniversário de 46 anos do Parque Nacional da Serra da Capivara, que será comemorado nesta quinta-feira (05/06). A celebração, que estava programada com diversas atividades, precisou ser adiada, como revelou Marian Rodrigues: “O aniversário do Parque nós estávamos com uma programação, porém adiamos, por se tratar de um momento de silêncio, embora ela não quisesse. Ela iria dizer ‘tem que continuar, eu já estou aposentada, agora é com vocês’. Mas nós não estamos conseguindo.”

Segundo Marian, a homenagem será realizada em outro momento, com a dimensão que a trajetória de Niède merece: “Vamos adiar para que façamos uma homenagem do tamanho da obra dela, do tamanho dela, do tamanho do amor que nós temos por ela. E ela gostaria de ver a comunidade no Parque”, destacou.

O velório teve início ainda na noite de terça-feira (4), no Museu do Homem Americano, local que simboliza a vida e o trabalho da arqueóloga e que também foi sua moradia por muitos anos. O espaço, que temporariamente fechou as portas para o público, abriu-se para receber familiares, amigos, admiradores e a comunidade local, que puderam prestar as últimas homenagens até a meia-noite.

Em um gesto carregado de simbolismo, o corpo de Niède Guidon será sepultado nesta quinta-feira (05/06), às 9h, no jardim da casa onde viveu, nas proximidades do Museu do Homem Americano, na mesma terra onde plantou seu legado.

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