Entenda como começou a paixão de Niède Guidon pelo Piauí e sua história
Em entrevista ao jornalista Jhone Sousa, do Conecta Piauí, há alguns anos, ela falou sobre sua trajeA trajetória de Niède Guidon é marcada por descobertas arqueológicas transformadoras e uma devoção incansável ao patrimônio histórico brasileiro, especialmente o do Piauí. Mas como começou essa paixão que ligaria para sempre o nome da renomada arqueóloga francesa ao sertão nordestino?

“Eu era teólogo na Universidade de São Paulo e fiz uma exposição sobre as pinturas rupestres do Brasil. Na ocasião só se conhecia umas de Minas Gerais. E uma pessoa que foi visitar, um senhor, pediu pra falar com a responsável, me chamaram, ele disse: ‘Olha, lá perto da minha cidade, no Piauí também tem esses desenhos de índios’. E ele me mostrou umas fotos, eu vi que eram completamente diferentes das de Minas, pedi pra ele qual era a cidade, como fazia pra chegar até aqui, então ele me deu todos os dados, isso foi no mês de agosto e em dezembro que eu tinha férias, peguei meu carro e vim”, disse.
“Mas tinha chovido muito e uma ponte de São Francisco tinha caído. Não pude passar. E depois, então, eu fui embora para a França. Mas sempre ficou aqui na minha cabeça. E quando eu voltei aqui vi então essas pinturas. E vi que eram realmente as pessoas aqui, eu falei com as pessoas da cidade, eles me mostraram essas pinturas e eu vi que eram realmente... Fiquei aqui uns dois, três dias, já vi uma quantidade muito grande de sítios. Eu fotografei e com essas fotografias eu consegui, na França, criar uma missão, missão francesa do Piauí, que funciona até hoje, é financiada pelo governo francês. Então, eu dava aulas em Paris e nas férias eu vinha com os meus alunos fazer pesquisas aqui. E foi assim que fomos descobrindo cada vez mais coisas”, completou.
Niède faleceu na madrugada desta quarta-feira (04/06), aos 92 anos, uma das figuras mais influentes da ciência brasileira. Reconhecida mundialmente, ela dedicou mais de meio século à pesquisa na região do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, onde liderou escavações que desafiaram teorias consolidadas sobre a presença humana nas Américas.
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