Dr. Tibério Borges dá detalhes sobre novo ambulatório do HU para doenças raras
Iniciativa é considerada um marco histórico e permitirá acesso a terapias inéditas no estadoNesta segunda-feira (28/07), o Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), iniciou o funcionamento do primeiro ambulatório especializado em doenças neurológicas raras voltado para adultos no estado do Piauí. A iniciativa representa um marco no cuidado com condições de baixa prevalência, mas de grande impacto clínico, funcional e social.

A unidade é coordenada pelo neurologista Dr. Tibério Borges, que também atua como professor da UFPI, chefe do Laboratório de Doenças Raras do HU (@raros.piaui) e responsável pelo ambulatório de demência do hospital. O novo serviço tem como foco doenças como ataxias hereditárias, que afetam o equilíbrio e a coordenação motora, porfiria intermitente aguda, que provoca crises abdominais e neurológicas, amiloidose, caracterizada pelo acúmulo anormal de proteínas nos órgãos e tecidos, e diversas miopatias, que causam fraqueza muscular progressiva.
De acordo com Dr. Tibério Borges, a criação do ambulatório é um avanço histórico para o estado.
“Esse ambulatório vai proporcionar atendimento a pacientes que muitas vezes estavam esquecidos, com ou sem diagnóstico, mas que, mesmo diagnosticados, ouviam que não havia o que fazer. Hoje, com os avanços, especialmente na área da genética, já temos terapias capazes de modificar o curso dessas doenças”, explicou o neurologista em entrevista à TV Cidade Verde.
Ainda segundo ele, embora sejam consideradas raras individualmente, essas doenças atingem um número significativo de pessoas.
“Em um estado com cerca de três milhões de habitantes, como o Piauí, há muitas famílias enfrentando essas condições sem qualquer suporte. Em muitos casos, são médicos do interior que identificam sinais clínicos, mas não têm acesso a exames específicos. Agora, esses pacientes poderão ser encaminhados ao HU para uma avaliação especializada”, destaca.

O ambulatório também tem um papel estratégico na organização e reivindicação de políticas públicas. “Ao centralizar esses atendimentos, podemos catalogar os casos, identificar padrões genéticos em famílias e demonstrar às autoridades de saúde, tanto municipais quanto estaduais e federais, a necessidade de investimento, inclusive na ampliação da cobertura de exames e tratamentos pelo SUS”, ressalta Dr. Tibério.
Além da assistência, a proposta também reforça o compromisso do hospital com ensino e pesquisa.
“Os hospitais universitários desempenham um papel central na formação de profissionais de saúde, na produção de conhecimento científico e na prestação de atendimento de alta complexidade à população. Um ambulatório voltado especificamente para doenças neurológicas raras fortalece essa tríade ao proporcionar um ambiente clínico-acadêmico altamente qualificado, no qual estudantes, residentes e pesquisadores têm acesso a casos clínicos desafiadores e oportunidades reais de aprendizado e investigação”, afirma o especialista.
Embora ainda em fase inicial, o ambulatório já iniciou o acolhimento de pacientes. A expectativa é de que, com a estruturação dos fluxos e a formalização de parcerias, o serviço possa se tornar referência no Nordeste, tanto no diagnóstico quanto no tratamento multidisciplinar de doenças raras neurológicas.
“Além dos medicamentos, esses pacientes precisam de fisioterapia, acompanhamento psicológico e suporte social. O impacto dessas doenças não é apenas físico, ele atinge também a autoestima e a autonomia das pessoas. Nosso objetivo é oferecer um cuidado integral e humanizado”, finalizou Dr. Tibério Borges.