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Bolsonaro pode vir ao Piauí nessa sexta-feira para lançar pré-candidatura de Ciro

Apesar da tradição eleitoral desfavorável, Ciro Nogueira enfrenta um cenário ainda mais complexo
Redação

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro-chefe da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro, lança oficialmente sua pré-candidatura à reeleição ao Senado nesta sexta-feira (11), em evento que pode contar com a presença do ex-presidente. De última hora, a escolha da data parece ser uma tentativa de contrapor o lançamento da pré-candidatura ao Senado de Júlio César (PSD) e o pode ser um tiro no pé de Ciro. A escolha do Piauí como palco para o lançamento, no entanto, acontece em um cenário político desafiador para a oposição.

O estado é considerado o mais lulista do Brasil. Nas eleições de 2022, Lula obteve 74,25% dos votos válidos no primeiro turno, a maior porcentagem entre todos os estados brasileiros. No segundo turno, o petista ampliou ainda mais sua vantagem, alcançando 76,86% dos votos válidos contra 23,14% de Bolsonaro.

Foto: ReproduçãoBolsonaro pode vir ao Piauí nessa sexta-feira para lançar pré-candidatura de Ciro
Bolsonaro pode vir ao Piauí nessa sexta-feira para lançar pré-candidatura de Ciro

A força do PT no estado fica ainda mais evidente quando se observa que as três cidades que mais votaram em Lula no Brasil são todas piauienses: Guaribas (92,14%), Fartura do Piauí (91,44%) e Campinas do Piauí (90,2%).

Cenário político adverso

Apesar da tradição eleitoral desfavorável, Ciro Nogueira enfrenta um cenário ainda mais complexo. O governador Rafael Fonteles (PT) desfruta de alta popularidade no estado. Pesquisas realizadas pelo instituto Paraná Pesquisas apontaram que Fonteles tinha 70,7% de aprovação em Teresina, tornando-se o governador mais bem avaliado do país.

Mais recentemente, levantamento do Instituto Amostragem realizado entre 17 e 20 de janeiro de 2025 mostra que Fonteles venceria uma eventual disputa contra Ciro Nogueira por 78,41% a 21,59% dos votos válidos, uma diferença de mais de 56 pontos percentuais.

O governador, que foi eleito em 2022 com 56,65% dos votos no primeiro turno, mantém a hegemonia petista no estado iniciada em 2003 com Wellington Dias. Aos 40 anos, Fonteles é o mais jovem governador do país e tem como principais trunfos os investimentos em educação, saúde e segurança, além da atração de novos negócios para o desenvolvimento econômico local.

Indefinições na oposição

As movimentações de Ciro Nogueira revelam as incertezas que cercam o campo da oposição. Embora oficialmente dispute a reeleição ao Senado, o parlamentar trabalha nos bastidores para se viabilizar como vice na chapa presidencial de 2026.

O problema é que o próprio candidato a presidente ainda não está definido. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, lidera as preferências internas, mas ainda não conquistou o aval de Bolsonaro devido à sua posição mais moderada em relação aos ataques ao Supremo Tribunal Federal.

Nesse contexto, surgiu o nome de Michelle Bolsonaro como alternativa para disputar a presidência. Independentemente de quem seja o escolhido, Ciro Nogueira busca se posicionar como vice, o que abriria espaço para Joel Rodrigues assumir a candidatura ao Senado pelo Piauí.

Fortalecimento da esquerda

Enquanto a oposição lida com indefinições, o PT tem conseguido se reconectar com seu eleitorado tradicional. O partido voltou a enfatizar o discurso de combate às desigualdades sociais, tema que tem ganhado força nas redes sociais e pautado a mídia tradicional.

Essa estratégia tem se mostrado eficaz para recuperar a popularidade de Lula, que havia sofrido baixas, mas voltou a crescer. O discurso ressoa tanto entre os mais pobres, base histórica petista, quanto na classe média, atraída pela promessa de redução de impostos.

Um palanque frágil

O conjunto de fatores desenha um cenário de fragilidade para o lançamento da pré-candidatura de Ciro Nogueira. A escolha de realizar o evento no estado mais lulista do país, em meio a tantas indefinições internas e com o fortalecimento da narrativa petista, pode não representar a estratégia mais acertada para a oposição.

O evento desta quinta-feira será um teste importante para medir a capacidade de mobilização do grupo político ligado a Bolsonaro em território historicamente adverso, além de sinalizar os rumos que a oposição pretende tomar para as eleições de 2026.

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