Jovem é impedida de circular em shopping de Teresina por estar fantasiada
Vestida de freira e com uma maquiagem elaborada, foi barrada de circular no espaçoA jovem Maria Alice relatou ter sido impedida de circular fantasiada dentro do Shopping Rio Poty, em Teresina, quando foi assistir ao filme Invocação do Mal 4. Vestida de freira e com uma maquiagem elaborada, que levou cerca de uma hora para ser feita, ela contou que a administração do local a abordou informando que seria necessário uma autorização prévia para permanecer no espaço daquela forma.

Segundo Maria Alice, a justificativa seria a de evitar aglomeração e registros de fotos com clientes, já que estaria “causando transtornos”. Para ela, no entanto, a situação foi constrangedora:
“Aparentemente ser artista agora é proibido. Falaram que eu precisava de uma autorização para andar assim pelo shopping e para evitar tirar fotos com as pessoas, porque eu estava causando transtornos. O transtorno sendo várias pessoas adorando minha fantasia e me chamando num cantinho para tirar uma foto. Me senti humilhada”, desabafou.
Apesar da abordagem, a jovem conseguiu assistir ao filme, mas disse ter saído decepcionada. Ela ressaltou ainda que já se fantasiou em outras ocasiões para ir ao cinema, em diferentes shoppings, e nunca enfrentou problemas.
O episódio reacendeu um debate sobre o espaço dado à arte e às manifestações culturais na capital piauiense. Em um desabafo, Maria Alice chamou atenção para a falta de incentivo e valorização da criatividade:
“Teresina é uma cidade com um povo lindo, acolhedor e cheio de talento. No entanto, falta visão das autoridades. O governo municipal e os órgãos responsáveis pela cultura parecem ter se esquecido de que uma cidade sem arte é uma cidade sem alma. Esses artistas urbanos, esses heróis invisíveis, não deveriam carregar sozinhos o peso de animar uma cidade que insiste em ignorá-los”.
A fala da jovem destaca um ponto recorrente entre artistas locais: a carência de políticas públicas inclusivas para a cultura, o que acaba empurrando manifestações artísticas para a margem, muitas vezes vistas como incômodas em vez de celebradas.
Para ela, é urgente que a arte seja tratada não como resistência, mas como celebração:
“Uma cidade que não investe em cultura empobrece espiritualmente. O povo não deveria ter que se fantasiar para ser notado. O mínimo que o poder público pode e deve fazer é garantir que toda forma de arte tenha espaço, apoio e reconhecimento”.
Até o momento, a administração do Shopping Rio Poty não se manifestou oficialmente sobre o caso.
VEJA O VÍDEO: