Dia do Atletismo: Atleta treina com irmãos com autismo e objetiva Olimpíadas 2028
Maria Fernanda relata que conquistas como velocista tem inspiração nos irmãos com TEAO esporte revela grandes histórias inspiradoras. Hoje, dia 9 de outubro, é dia do atletismo em homenagem à fundação da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), ocorrida nesta data em 1977. O atletismo é uma modalidade esportiva que envolve corridas, saltos, lançamentos e caminhadas, sendo considerado o um dos esportes mais antigos a ser praticado.
Para além de ser uma atividade física, o atletismo também é uma prática inclusiva na vida de quem tem TEA (Transtorno do Espectro Autista). É caso da família da atleta Maria Fernanda, de 17 anos, que treina com os irmãos, Paulinho, 17 anos, e Maria Luiza, de 7 anos, que tem TEA, na pista de atletismo da Universidade Estadual do Piauí (UESPI).

De início, Maria Fernanda apenas acompanhava o irmão nas sessões de terapia com um especialista em TEA. A história mudou quando a atleta tinha apenas 11 anos de idade, participando em São Luís, no Maranhão, de uma corrida. O que era para ser apenas brincadeira acabou virando algo promissor, chamando a atenção de técnicos na cidade maranhense. A partir daí, Maria Fernanda ganhou visibilidade ao ganhar diversos prêmios em competições de atletismo.
Na bagagem, Maria Fernanda acumula conquistas expressivas, como um tricampeonato Norte e Nordeste de atletismo, além de ser Bi-Campeã Brasileira Sub-16 e Campeã Sul-Americana. As conquistas serviram de inspiração para que os irmãos entrassem e seguissem os passos da campeã.
"Na verdade, eu que me sinto inspirada por eles, porque, por exemplo, Paulinho, desde quando nós somos pequenos, ele fugia, eu tinha que correr atrás dele, e eu acredito que o fato de eu hoje ser uma velocista é graças a ele. E é muito gratificante poder ser um exemplo junto com eles para todas as pessoas que convivem com pessoas com TEA, e eu acho de uma grande importância essa inclusão, não só de pessoas com autismo, mas com todas as deficiências, porque o esporte traz muitos benefícios", enfatiza a velocista.

A mãe dos corredores, Bete Moreira, sente orgulho de ver os filhos treinando juntos na pista da UESPI. Ela conta que já recorreu a diversos tratamentos e acompanhamentos para o filho Paulinho, que tem autismo ao nível 3. Esse grau de autismo se caracteriza pela dificuldade em se comunicar verbalmente e ter contato com outras pessoas, tendo dificuldade de socialização. Foi no atletismo que Bete percebeu que seria o esporte seria um divisor de águas.
"Quando você trabalha dentro de uma clínica onde você está só você e o profissional, a questão da socialização, ela não é tão abrangente, às vezes a criança não aceita o contato físico nem do profissional. E quando você vem para uma piste de atletismo, que você é acolhido, você é abraçado, e a criança sente isso, não é porque é autista ou não, com qualquer outra deficiência, a pessoa se sente acolhido, isso faz com que tenha essa evolução bem grande", comenta a mãe.

Fato esse reforçado pelo treinador dos atletas, Nilson de Sousa. O profissional praticamente revelou Maria Fernanda e, desde o início, faz o acompanhamento dos irmãos com TEA durante os treinos na UESPI.
"Para ele (Paulinho), começou bem. Já chegou na pista, não ficou quietinho, já entrou na pista e foi correr. Então isso é muito bom, saber que o esporte é inclusivo, ajuda no processo de socialização para os autistas. A gente acolhe eles e não tem diferença. A gente faz o treino da mesma forma que as pessoas ditas normais fazem. É o caso da irmã e dos outros atletas. Então aqui não tem diferença nenhuma. Todos treinam e são tratados da mesma forma", comenta Nilson.

Toda a atmosfera de incentivo e motivação fortificam Maria Fernanda buscar voos cada vez mais alto. A velocista agora almeja a próxima edição das Olimpíadas, que acontece em Los Angeles em 2028.
"Eu me imagino fazendo bons resultados, começando pelo ano que vem, e também a partir de agora com o início da preparação para os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028, que eu quero estar lá e vou estar lá pela graça de Deus, e fazer excelentes resultados, quem sabe resultados impressionantes", comenta a atleta.
A história da família de Maria Fernanda é um exemplo a ser seguido de que o esporte vai para além dos resultados dentro da área de competição. No caso de Paulinho e Maria Luiza, irmãos da velocista, o esporte também foi uma forma de inclusão para que os jovens com TEA tivessem a oportunidade de se sentirem inclusos na sociedade. Para além disso, o esporte também serviu de terapia, trazendo mais conforto e tranquilidade para a mãe, Dona Bete, que se sente orgulhosa com os filhos unidos, demonstrando a união entre amor, esporte e inclusão.

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